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    Pedro Duran
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    Pedro Duran

    O pai do Benjamin passou pela TV Globo, CBN e UOL. Na CNN, já atuou em SP, Rio e Brasília e conta histórias das cidades e de quem vive nelas

    Depois de tempestades, cidade no interior do ES vive seca, luto, falência e lockdown

    Mimoso do Sul, cidade de 24 mil habitantes, foi surpreendida com tempestade violenta em meio a trabalho de dragagem dos rios

    17 mortos, 3 desaparecidos, 350 casas destruídas, mais de 6 mil desalojados e cerca de 200 desabrigados. Se os números por si só já impressionam, a realidade na cidade de Mimoso do Sul, a cerca de 170 quilômetros de Vitória, revela um estado de terra arrasada.

    A começar pelo luto. São 17 mortos para uma população pequena, de cerca de 24 mil habitantes. Estão na lista das vítimas crianças, idosos e até uma mãe que morreu com seu filho, soterrados.

    Hoje a cidade enfrenta a seca dramática. A água que chega por meio de doações tem que ser racionalizada. Toda tubulação e rede de distribuição de água na área urbana, que abrange cerca de 15 mil pessoas, foi completamente destruída pelos desmoronamentos.

    Ao todo, 350 casas foram inundadas ou tiveram paredes e telhados arrancados pela força da enxurrada. “É uma catástrofe, é uma cena de guerra, a gente não tem lugar nenhum pra comprar nada. Estamos sem casa, temos que ficar pedindo doação aos outros”, contou à CNN o vice-prefeito da cidade, Paulo Renato Barros (PTB).

    As escolas e postos de saúde estão fechados. O comércio vive um lockdown. Não há sequer supermercados ou farmácias abertos. Todos os bancos da cidade foram destruídos pela tempestade. Muitos carros também foram levados pela correnteza e acabaram tendo perda total.

    “A cidade estava conseguindo fazer obras, investimentos e pagamento do funcionalismo. Agora nós vamos ter que cancelar tudo: das nossas obras até festa da cidade, pra poder pagar os cerca de mil funcionários da prefeitura”, diz o vice-prefeito.

    Das cinco da tarde da última quinta-feira (21/3) às cinco da tarde desta segunda (25/3) foram 310 milímetros de chuva. Pra se ter uma ideia, o esperado para todo o mês de março era de 179 milímetros, pouco mais da metade disso. Os dados são da Climatempo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

    Numa reunião executiva realizada na noite dessa segunda-feira, a força-tarefa montada para enfrentar a catástrofe decidiu manter uma barreira para monitorar a entrada da cidade. Só passam voluntários para a limpeza e doações de água e alimentos.

    Pessoas ilhadas em casa em Mimoso do Sul /

    Com o solo encharcado e risco de novos deslizamentos, a ES-177, que liga Mimoso do Sul à vizinha Muqui, segue interditada. A chuva veio num momento ruim, porque a prefeitura fazia, em convênio com o governo do estado, a dragagem dos rios pra retirar o lixo e ajudar no escoamento da água.

    “Estávamos fazendo a limpeza no Rio Muqui do Sul e dos córregos afluentes, num convênio que a gente tem com o estado. Os rios têm muito galho, muito lixo, tinha muita coisa. A gente não chegou a concluir a dragagem e agora a gente vai ter que começar do zero”, explica Paulo.

    O vice-prefeito também vive um drama pessoal. A casa dele foi uma das 350 que foi invadida pela água. “Muitas casas foram destruídas, inclusive a minha, que foi inundada até o teto. Como eu moro no segundo andar, a água subiu cerca de seis, sete metros”, revelou à CNN.