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    Márcio Gomes
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    Márcio Gomes

    Jornalista com mais de 30 anos de carreira, foi correspondente internacional e apresenta o CNN Primetime - mas sem deixar de fazer o que mais gosta, ir pra rua contar histórias!

    Soluçāo do caso Marielle – estamos realmente aliviados?

    Como carioca, posso dizer depois de mais de 6 anos de espera: chegar aos mandantes dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes é um alívio. Um crime como esse marca uma cidade, marca uma população. Estigmatiza.

    Se Marielle, vereadora, não teve sua morte resolvida, como dorme um morador comum da Cidade dita Maravilhosa? Qual turista se arrisca num lugar assim? Impactos em cadeia que os 6 anos de espera provocaram e, agora, podemos começar a corrigir.

    Será?

    Até que ponto traz alívio descobrir que o chefe de polícia não apenas atrasou as investigações, mas também planejou toda a logística da ação?

    A gente sabia que a contaminação seria inevitável. A penetração das milícias no dia a dia do carioca (em todas as regiões da cidade, dos bairros chiques da Zona Sul até a  comunidade mais desassistida) escancara uma proximidade que beira o natural. Se o carioca já percebeu que precisa saber conviver com o miliciano, como não imaginar que o crime também não estaria fechado com as autoridades? Com quem deveria combater o crime…

    O que a gente começa a descobrir é que nāo é com qualquer autoridade… nāo foi com o guarda da esquina, pra deixar passar o bonde com armas e drogas… não foi com o PM que recolhe a munição numa cena de tiro e planta uma arma na māo da vìtima… nem o investigador que apaga uma impressāo digital na maçaneta de um carro… foi o chefe de polícia.

    Quantos mais não sabiam desse esquema? Como explicar que, em 2023, quando a investigação passou para a Polícia Federal, o caso ainda se arrastava?

    Será que vamos sempre depender da delação dos criminosos para resolver um crime??

    Se isso não deixa o carioca mais assustado é porque estamos acostumados.

    E isso é preocupante.