Análise: Marielle não acabou
Crime expõe como o sistema, que deveria punir o criminoso e ser aliado da sociedade, pode se corromper a forças escusas
O caso Marielle nem de longe está restrito ao drama pessoal e familiar de quem a amava e aguarda o fim da investigação há seis anos.
O crime expõe como o sistema, que deveria punir o criminoso e ser aliado da sociedade, pode se corromper a forças escusas.
Desde março de 2018, quando cinco tiros atravessaram Marielle, em uma execução da qual saiu vítima também o motorista Anderson Gomes, muitos afirmaram que “poderosos” eram os culpados.
No Brasil, tem poder legitimado quem manda, lidera, quem é eleito pelo voto popular ou pelo aval de grupos, quem quase sempre desfruta de privilégios, lugares, momentos que boa parte da população nunca viverá.
Dessas pessoas também são cobrados grandes deveres e responsabilidades de falar por si e por outros.
A tirar pelos cargos daqueles que foram presos ou objeto de busca e apreensão até agora, são pessoas, porém, que imaginavam ter poder de matar e também encobrir seus erros.
Poder de matar uma mulher negra eleita pelo povo e atuante no combate às milícias e crime organizado no Rio? Que poder é esse que subverte o cargo ou função para o qual eles foram designados? Isso faz vítimas que vão além do caso Marielle, que não encontra fim em si mesmo.
Há um mal que combina política, crime e polícia ainda solto por aí. São “poderosos” sim, mas sem poder de acabar com pessoas e com o Estado.