Seleção derruba três tabus em Wembley na estreia de Dorival Jr
Brasil conseguiu feitos inéditos em amistoso contra a Inglaterra no templo histórico do futebol
A seleção brasileira conseguiu quebrar três tabus simultâneos no estádio de Wembley, em Londres, neste sábado (23), na estreia do técnico Dorival Jr. como comandante do time.
O primeiro feito foi, talvez, o mais inesperado de todos: ao fazer o único gol da vitória por 1 a 0, aos 35 minutos do segundo tempo, o craque Endrick se tornou o mais jovem jogador a marcar na arena.
Não é pouca coisa, já que Wembley é um estádio centenário, a casa da seleção inglesa desde 1923. Pelo seu gramado já desfilaram alguns dos maiores talentos do esporte ao longo dos anos.
O estádio é tão icônico, que Pelé, o maior jogador de todos os tempos, o chamava de “a catedral do futebol”. E o Rei jamais jogou nele, uma de suas poucas autodeclaradas decepções na carreira.
O segundo tabu é que esta foi a primeira vez que o Brasil derrotou a Inglaterra na histórica arena desde a sua reinauguração, depois de total reconstrução e modernização, em 2007.
A seleção vinha tentando este feito desde o primeiro jogo do novo estádio, já que o time foi o convidado especial para a estreia do palco mais importante do futebol mundial, no dia 1 de Junho de 2007.
Na ocasião, a partida terminou empatada em 1 a 1, com gols do inglês John Terry e do meia Diego, que jogava na época no Werder Bremen, da Alemanha.
Depois daquele jogo inicial, a seleção voltou ao mítico estádio duas outras vezes: uma derrota por 2 a 1, em 2013, e um empate por 0 a 0, em 2017.
Por fim, um mérito pessoal do próprio Dorival Jr: ele conseguiu ser o primeiro técnico a estrear na seleção brasileira em Wembley com vitória.
Antes deles, outros dois técnicos fizeram seus primeiros jogos no comando do Brasil no estádio contra a Inglaterra, mas ambos fracassaram.
O primeiro foi Carlos Alberto Silva, que levou a seleção a um digno empate por 1 a 1, no dia 19 de maio de 1987. Depois disso, Felipão estreou na sua volta como técnico do Brasil, em 2013, com uma derrota por 2 a 1.
Tabu pessoal
Mas existe um outro tabu, pessoal, que não foi quebrado na noite deste sábado.
Este repórter acompanha e assiste “in loco” vários jogos da Inglaterra há quase trinta anos, desde um empate sem gols entre o English Team e o Uruguai, na fria noite do dia 29 de março de 1995.
Naquela ocasião, os dois times ficaram num burocrático 0 a 0, ainda no velho e saudoso Wembley.
O estádio ainda tinha colunas para sustentar o teto, que forçavam os torcedores a esticar o pescoço para tentar ver todas as jogadas. E as cadeiras eram tão apertadas que o torcedor de trás forçava, mesmo que não quisesse, o seu joelho no companheiro da frente.
Desde então, venho assistindo jogos dos ingleses em amistosos, competições e até na Copa do Mundo. Foram várias partidas. E os clássicos com o Brasil são os meus favoritos.
Vi, no velho estádio de Wembley, por exemplo, o Brasil arrasar a Inglaterra por 3 a 1 no dia 11 de junho de 1995, com gols de Juninho, Ronaldo e Edmundo.
A diferença entre os dois times era tanta que o venerável The Times, um dos jornais mais respeitados do mundo, escreveu, no dia seguinte, que Brasil e Inglaterra participavam do mesmo jogo, mas pareciam que estavam em esportes completamente diferentes.
Apesar de comparecer muito aos seus jogos, nunca, jamais, vi a Inglaterra ganhar um jogo sequer, quando estava no estádio.
Seja em Wembley ou até em Shizuoka, no Japão, quando eu estava atrás do gol do arqueiro Seaman, quando Ronaldinho Gaúcho fez o famoso gol de falta, da linha lateral, que catapultou o Brasil para chegar, depois, à vitória na Copa do Japão e da Coreia em 2002.
Melhor assim. A vitória do Brasil na era Dorival Jr é muito importante, especialmente sendo a primeira de sua era na seleção.