Preços do petróleo seguem “dolorosamente altos” e Opep pode agir, diz Goldman Sachs
Opep+ pode anunciar, durante reunião nesta quarta-feira (2), que vai aumentar a produção de 400.000 barris por dia, aponta relatório
Os preços de energia continuam “dolorosamente altos”, o que pode fazer com que a OPEP e seus aliados, que estão sob pressão, ajam em socorro.
A boa notícia para os consumidores que lutam com os preços elevados nas bombas é que o Goldman Sachs está alertando os clientes que a Opep+ poderia anunciar durante a reunião virtual de quarta-feira (2) que planeja aumentar a produção.
Observando que os preços do petróleo estão “entrando no território de intervenção política”, o Goldman Sachs aponta, em um relatório divulgado na noite de segunda-feira (31), que não assume mais que a Opep + simplesmente manterá seu aumento mensal de apenas 400.000 barris por dia.
“Vemos um potencial crescente para um aumento mais rápido nesta reunião, dado o ritmo do recente rali e a provável pressão das nações importadoras”, escreveram estrategistas do Goldman Sachs, observando que os preços estão agora acima dos níveis anteriores ao que descreveu como uma “pequena” intervenção liderada pelos EUA em novembro passado.
Impulsionados por preocupações com as tensões entre Rússia e Ucrânia , os preços do petróleo nos EUA fecharam acima de US$ 88 o barril na segunda-feira (31) pela primeira vez desde outubro de 2014.
O preço médio nacional da gasolina subiu para US$ 3,38 o galão na terça-feira (1), segundo a AAA. Este valor está 10 centavos acima da baixa recente de US$ 3,28 e se aproxima da alta de sete anos de US$ 3,42 estabelecida no outono passado.
Estoque
A má notícia é que, mesmo em caso de intervanção da Opep+, a resposta pode causar pouco efeito para esfriar os mercados de energia em brasa.
O Goldman Sachs disse que, se a Opep + apresentar seu plano de aumentar a produção em abril (traduzindo em 200.000 barris extras por dia de oferta até o final do ano), a modelagem do banco aponta para uma mudança de apenas US $ 3 nos preços do petróleo.
E o impacto nos preços seria “ainda menor”, disse o Goldman Sachs, se a Arábia Saudita decidir aumentar unilateralmente a produção em meio milhão de barris por dia durante três meses.
“Tal movimento da Opep+ não mudaria nossa visão otimista”, disse o banco de Wall Street no relatório.
A Goldman Sachs citou “níveis de estoque criticamente baixos” em uma variedade de produtos petrolíferos, bem como capacidade ociosa “criticamente baixa” para aumentar a oferta.
Além disso, o banco disse que produtores de óleo de xisto, incluindo Hess ( HES ) e Chevron ( CVX ), sugeriram recentemente que aumentarão a produção em menor escala do que o esperado.
Já outras análises não supõem que a Opep responderá ao aumento de preços — mesmo que em algum momento isso possa começar a corroer a demanda.
“Não esperamos que o grupo de produtores forneça conforto imediato aos países consumidores”, escreveu Helima Croft, chefe de estratégia global de commodities da RBC Capital Markets, em nota aos clientes na segunda-feira (31).
Mesmo assim, como disse Croft, os preços do petróleo estão “aprofundando-se na zona de perigo política do presidente Biden”.
Recuperação
No entanto, as nações da Opep provavelmente não têm pressa em impedir o ganho inesperado de seus orçamentos combalidos.
As receitas da Opep se recuperaram em impressionantes 80% em 2021, a taxa mais rápida de recuperação desde 1974, após o embargo de petróleo árabe, de acordo com um novo relatório da Pesquisa Econômica do Oriente Médio (MEES).
“Para os países que continuam a sofrer profundos desafios políticos e de segurança, como o Iraque, esse aumento de preços é um desenvolvimento bem-vindo que pode levar as preocupações de destruição da demanda para segundo plano”, escreveu Croft.
O estrategista do RBC observou que os preços mais altos das commodities “aumentaram” as reservas cambiais da Rússia, potencialmente dando a Moscou mais espaço para resistir às sanções ocidentais.
Especialistas do setor disseram à CNN que os preços do petróleo podem facilmente ultrapassar US $100 o barril se a Rússia lançar uma invasão em grande escala da Ucrânia.
Croft disse que isso poderia provocar uma resposta da Arábia Saudita, líder da Opep.
“Acreditamos que os cálculos podem mudar no caso de uma guerra convencional irromper em solo europeu e os preços do petróleo ultrapassarem a marca de US$ 100/barril”, escreveu Croft.
(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original)