Reforma trabalhista permitiu que impacto da pandemia fosse menor, diz economista
Hélio Zylberstajn, presidente do IBRET, analisou, em entrevista à CNN, os dados do emprego em 2021 e cenário para 2022
Os efeitos da pandemia na economia ainda são sentidos atualmente, mas a reforma trabalhista de 2017 permitiu que o impacto fosse menor, segundo Hélio Zylberstajn, economista e presidente e cofundador do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (IBRET).
Conforme explicou em entrevista à CNN nesta segunda-feira (31), ela deu base legal para o teletrabalho, o que ajudou a manter empregos.
“Se o presidente eleito vier a modificar ou recuar da reforma trabalhista, será um desastre. A reforma trabalhista permitiu que o impacto da pandemia fosse menor”, disse.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados nesta segunda-feira, mostram que o Brasil fechou 2021 com a criação de 2,7 milhões de vagas de emprego formal. Em dezembro, porém, houve o fechamento de 265 mil postos de trabalho deste tipo.
Analisando estes dados, o economista disse que o resultado da criação de empregos foi boa, mas que o crescimento está desacelerando.
“O mercado de trabalho teria se recuperado mesmo sem os estímulos. Claro que eles ajudaram, e muito. Levantamos um baque em 2020, levantamos, mas não vamos decolar”, afirmou.
E, conforme disse, o crescimento do mercado de trabalho é intrínseco à expansão econômica.
“A queda de 2020 foi brutal. Quando você leva um escorregão, você levanta. E 2021 foi o ano de levantar, por isso o crescimento. Isso deve parar em 2022, não há indicativos de continuação de expansão da atividade econômica”, explicou o presidente do Ibret.
De acordo com Zylberstajn, foram criados 90 mil postos de trabalho intermitentes, aqueles que tem curta duração, como garçons, setor de eventos ou ligados ao turismo.
Ele explicou que a reforma trabalhista permitiu que esses trabalhadores fossem registrados, pois, antes, a CLT não os previa.
“Havia a fala de que todas as empresas tornariam todos os trabalhos intermitentes, mas não é assim. Ele está sendo usado na medida em que precisa”, disse o presidente do Ibret.
Durante a entrevista, ele também explicou que a queda no salário médio se deve à inflação e ao “efeito estatísco”. Isso acontece, pois as pessoas que entram no mercado neste momento recebem menos do que as que já estavam alocadas. Assim, mesmo com a criação de novas vagas, acontece a queda no salário médio.
Veja a entrevista completa no vídeo acima