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    “Fogo, para mim, nunca é amigo”, diz à CNN Nísia, alvo do Centrão

    Ministra da Saúde indicou ser preciso refletir sobre papéis dos poderes Executivo e Legislativo e apontou haver machismo em críticas a sua gestão

    Basília RodriguesLucas Schroederda CNN , Brasília e São Paulo

    A ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou, em entrevista à analista da CNN Basília Rodrigues nesta quinta-feira (21), que “fogo, para mim, nunca é amigo”. Alvo do Centrão, Nísia declarou que é preciso refletir sobre os papéis dos poderes Executivo e Legislativo no país e apontou ser alvo de machismo por comandar uma das pastas com maior orçamento na Esplanada dos Ministérios. Segundo ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca a pediu que falasse “grosso”.

    “Isso me incomoda, ‘Nísia versus Centrão’. Eu acho uma visão muito superficial. O Brasil, de 2017 para cá, teve uma mudança muito grande da questão dos papéis do Legislativo e do Executivo. É disso que se trata. Não é de pessoas, de partidos isolados. É essa reflexão que o Brasil precisa fazer, a meu ver. E fogo, para mim, nunca é amigo”, disse Nísia.

    Na avaliação da ministra, o Poder Executivo precisa ter a capacidade de executar suas políticas públicas. Ela reiterou que emendas parlamentares são bem-vindas e contou que tem procurado dialogar com líderes da base governista e representantes do Congresso Nacional. No entanto, Nísia ponderou que o fato de ser mulher e comandar uma das pastas vitais do governo pesam nos ataques feitos contra ela.

    “Com certeza, a questão de gênero está mais do que evidenciada no meu caso, apesar de até momento eu nunca ter falado disso. Não tenho a menor dúvida. Isso não diz respeito a políticos de partidos A ou B. Vemos manifestações de machismo em qualquer ambiente. E no caso do Ministério da Saúde, com o orçamento que sabemos, com a capilaridade, com a importância, claro que isso é acentuado”, ressaltou Nísia.

    Conforme explicou a ministra explicou no decorrer da conversa, o presidente Lula jamais lhe pediu que falasse grosso.

    “Sem dúvida, eu acho que temos que repensar esses modelos de autoridade. O machismo é claro e está claro na imprensa. Infelizmente, ficam discutindo se eu chorei ou não chorei [na reunião ministerial de segunda-feira (18)]. Aproveito para dizer que o presidente Lula jamais me mandou falar grosso. Seria uma grosseria da parte dele, que nunca cometeu”, expressou.

    Para a ministra, “é uma honra contar com a confiança do presidente Lula, que sempre a tem manifestado”. Nísia concluiu: “Ao mesmo tempo que sou criticada e questionada, não vou desistir, porque sei o que vou fazer e tenho muitos apoios. O presidente Lula é um apoio prioritário, mas vejo esse apoio em vários setores da sociedade.”

    Combate à dengue é o grande desafio no momento, diz Nísia

    Questionada a respeito do maior desafio enfrentado pela Saúde atualmente, a ministra enfatizou que o combate à dengue é prioridade. “Os números [1,9 milhão de casos e 1.025 mortes no país] representam um desafio complexo, porque, com as mudanças climáticas, com tudo que sabemos, ondas de calor, chuvas com regime mais intenso, tudo isso favorece a proliferação do Aedes aegypti e cria uma dificuldade muito grande.”

    De acordo com Nísia, “passado esse momento da epidemia [de dengue], é muito importante que busquemos avançar em medidas mais estruturantes em ciência e tecnologia, com a vacina e novas formas de controlar o vetor, com políticas públicas fundamentais”.

    A ministra afirmou que estados e municípios em estado de emergência têm recebido repasses do Ministério da Saúde para o combate à doença. Ela comentou ainda as especificidades do monitoramento do vírus no Brasil.

    “A dengue é um problema grave, ainda que eu tenha dito que conhecemos a doença e podemos tratá-la da forma adequada. Temos apoio das entidades médicas para isso, fizemos um guia para atendimento correto dos pacientes. Nós nos reunimos todos os meses e a dengue é pauta constante. Não dá para comparar o monitoramento e a gestão de uma pandemia de Covid-19 com dengue. É totalmente diferente. A meu ver, é um erro que muitas vezes se está cometendo hoje”, finalizou a ministra.

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