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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Governo prepara contrato milionário em comunicação para alavancar popularidade

    Até agora, 23 empresas já demonstraram interesse no contrato de cerca de R$ 197 milhões

    O governo Lula prepara um contrato milionário na área de comunicação para tentar alavancar a popularidade do presidente em um momento em que as pesquisas apontam crescimento de sua desaprovação e queda da aprovação.

    Com preço de referência na casa de R$ 197 milhões, é considerada em Brasília uma das principais licitações do mercado neste ano.

    O objetivo é buscar uma agência para cuidar da área digital do governo e fazer a gestão e monitoramento de suas ações e políticas públicas.

    Até agora, 23 empresas já demonstraram interesse no contrato, segundo fontes do governo.

    Órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Secretaria Especial de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Presidência da República avalizaram o edital. A expectativa é de que o resultado saia na segunda quinzena de abril.

    Um dos aspectos do contrato é o impulsionamento de conteúdo nas redes sociais. Uma percepção consolidada na área de comunicação do governo é que boa parte das postagens e material gerado para divulgar ações oficiais tem o alcance diminuído pelo algoritmo das redes. Com isso, o conteúdo não consegue furar as bolhas e continua sendo visto sempre pelo mesmo público, sem ampliar o alcance.

    A agência vencedora da licitação deverá segmentar as ações nas redes para divulgar políticas do governo. Por exemplo, foi constatado que muitos programas têm como beneficiários integrantes do CadÚnico, o Cadastro Único dos beneficiários de políticas sociais.

    O governo pretende que a nova agência direcione o que é feito para essa faixa da população justamente para os beneficiados pelos programas. Fazem parte desse rol:

    • o Pé de Meia (poupança para o ensino médio),
    • a faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida,
    • e o Farmácia Popular.

    A percepção é de que é preciso trabalhar a comunicação setorizada e que a divulgação dos programas deve ser feita priorizando as faixas da população que a recebem para que possam saber de onde vem os benefícios. No caso, do governo federal.

    Pesquisas

    A expectativa no Palácio do Planalto é de que a nova estratégia de digital ajude a recuperar a popularidade do governo que vem caindo segundo as pesquisas mais recentes.

    O governo, porém, não considera a comunicação como o fator principal para a queda. A avaliação é de que as entregas não chegaram ainda na ponta da população porque 2023 foi um ano de reestruturação do governo após a vitória sobre Jair Bolsonaro.

    Há a compreensão de que governos em geral têm quedas no segundo ano porque há uma expectativa positiva com o primeiro ano de gestão ao mesmo tempo em que há impossibilidade de que as ações cheguem de imediato na ponta.

    Além disso, houve a revisão de alguns programas que, segundo fontes governistas, ajudaram nesse cenário. Um deles, o Bolsa Família, ampliado por Jair Bolsonaro em 2022 e que passou por um pente-fino em 2023. Tanto que a queda considerável na popularidade de Lula foi na região Nordeste, seu reduto eleitoral.

    O governo contudo aposta em uma reversão desse cenário. Boa parte dos principais programas que devem chegar na ponta neste ano têm a maioria de beneficiários na região, caso da escola em tempo integral e Minha Casa Minha Vida.

    Assim, a despeito da queda nos indicadores, o Planalto considera que a perspectiva é de recuperação da popularidade.

    As polêmicas falas de Lula que as pesquisas apontam que ajudaram na reprovação, em especial sobre Israel, não entram no rol de motivos para a queda na popularidade.

    E ainda assim, interlocutores do presidente relataram que o presidente já disse que continuará a dizer o que pensa. E avalia que o impacto de suas falas sobre o conflito em Gaza tem ajudado a atrair a atenção no Brasil e no mundo sobre a tragédia humanitária na região do conflito.