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    Conflitos atuais dão fim à ordem mundial atual; entenda por quê

    Segundo especialistas, superpotência americana está sendo testada no mundo todo, enquanto Rússia quer despejar os EUA da Europa

    Zachary B. Wolfda CNN

    Esse é um momento confuso quando se trata de assuntos mundiais, com o governo americano explicando, por um lado, por que era hora de sair do Afeganistão, mas, por outro, por que também é hora de defender a Ucrânia.

    É um momento em que os americanos querem seus militares menos comprometidos no exterior. A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) está sentindo o calor aumentar. Autocracias de olho na expansão, como a Rússia e China, estão ficando mais ousadas e agindo como aliadas.

    A era dos Estados Unidos da América, a superpotência, está sendo testada de novas maneiras em todo o mundo.

    Europa Oriental

    Exatamente 30 anos após a queda da União Soviética, a Rússia está manobrando para invadir ainda mais a Ucrânia, uma de suas ex-repúblicas. A Otan, em um crescimento pós-soviético, é a vítima do presidente russo Vladimir Putin.

    O governo Biden colocou 8.500 soldados dos Estados Unidos em alerta intensificado para serem mandados à Europa Oriental, como forma de dissuadir a Rússia e garantia para os países da Otan.

    Europa Ocidental

    A influência americana precisa de reforço. Para unificar os países da Otan contra a Rússia, os EUA também estão desempenhando o papel de intermediários da energia, buscando garantias de combustível do Oriente Médio e da Ásia para diminuir a influência da Rússia como principal fornecedor de gás natural para a Alemanha.

    Ásia

    A China está testando a autonomia de Taiwan, a ilha autônoma que ela cobiça há muito tempo, com repetidas missões da força aérea nas proximidades de Taiwan. A maior incursão deste ano ocorreu um dia depois que os EUA, junto com o Japão, moveram uma flotilha de navios da Marinha para o Mar das Filipinas como parte de um exercício de treinamento.

    Enquanto isso, isolada do mundo, a Coreia do Norte aumentou seus testes de mísseis.

    Testes de mísseis da Coreia do Norte em 2022 / KRT/Reuters

    Oriente Médio

    Bases que abrigam tropas americanas no Iraque e na Síria foram atacadas este ano. Esta semana, as defesas antimísseis Patriot, dos EUA, se juntaram aos Emirados Árabes Unidos para interceptar mísseis disparados pelos rebeldes houthis do Iêmen, que atingiram a Base Aérea de Al Dhafra, nos Emirados Árabes Unidos, onde estão abrigadas tropas dos EUA.

    E ainda tem o Irã. Depois que os EUA, sob o então presidente Donald Trump, detonaram com o acordo internacional destinado a interromper a escalada nuclear do país, o Irã pode estar se aproximando cada vez mais das armas nucleares.

    O papel dos EUA

    Todas essas situações estão sendo elaboradas há anos, mas a questão emergente é qual será o papel que os Estados Unidos vão desempenhar daqui para frente.

    O impasse sobre a Ucrânia sugere que os oponentes dos EUA percebem fraqueza e veem uma abertura agora.

    “Os crescentes desafios para a autoridade dos EUA surgem em um momento em que há uma percepção generalizada no exterior de que Washington não é mais o poder que era na segunda metade do século 20”, diz Stephen Collinson, da CNN.

    Ele acrescenta: “Apesar das garantias de Biden de que ‘A América está de volta’, a retirada caótica do Afeganistão no ano passado levantou questões sobre a competência e o compromisso dos EUA. Os adversários dos EUA sabem que os americanos estão exaustos após 20 anos de guerra no exterior, um fator que pode levar alguns a calcular que Washington poderia vacilar em suas obrigações estratégicas por razões políticas”.

    Na linha de frente, ucranianos se preparam para possível ataque

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    O fator Putin

    Putin está direta ou indiretamente envolvido na maioria dessas questões – da Ucrânia, passando pela Síria, e à Ásia.

    Escrevi, na semana passada, que ninguém sabe ao certo o que Putin está procurando. Mas Fiona Hill, pesquisadora sênior da Brookings Institution e ex-especialista em Rússia na Casa Branca, argumenta convincentemente no The New York Times que ela sabe exatamente o que ele quer, pelo menos em termos da Ucrânia: Putin “quer despejar os Estados Unidos da Europa”.

    Ela escreve: “Como se ele pudesse dizer assim: ‘Adeus, América. Não deixe a porta bater em você na saída’”.

    Jill Dougherty, especialista em Rússia e ex-chefe do escritório da CNN em Moscou, concordou. “Eles querem refazer o fim da Guerra Fria”, disse ela na terça-feira no “Novo Dia”. E a blitz da mídia estatal russa está ajudando a moldar as atitudes do público nesse terreno.

    De acordo com Hill, Putin sente que o poder americano está diminuindo. Ele “acredita que os Estados Unidos estão atualmente na mesma situação em que a Rússia estava após o colapso soviético: gravemente enfraquecido em casa e em retirada no exterior”.

    O impasse na Ucrânia, ela escreve, deve ser enfrentado com força dos EUA, uma vez que repercutirá em todo o mundo.

    Ela argumenta que, além de desafiar a Otan, a agressividade de Putin na Ucrânia ameaçaria “todo o sistema da ONU e colocaria em perigo os arranjos que garantiram a soberania dos estados membros desde a Segunda Guerra Mundial – semelhante à invasão do Kuwait pelo Iraque em 1990, mas em escala ainda maior”.

    O Ocidente não está totalmente unido contra a Rússia

    Apesar de todas as apostas geopolíticas, a influência econômica de Putin foi o que desacelerou a união da Europa contra as ações dele.

    Na CNN Business de Londres, Ivana Kottasová escreve que o gasoduto submarino Nord Stream 2 de gás natural da Rússia até a Alemanha, contornando a Ucrânia, tornou-se uma rachadura na crise geopolítica.

    A Alemanha não prometeu mandar armas para a Ucrânia como outras democracias ocidentais. E demorou para incluir o gasoduto nas conversas sobre sanções contra a Rússia.

    “Dado que o objetivo da Rússia é dividir todo mundo, se eles estão tentando romper a unidade da União Europeia e da Otan, este gasoduto tem sido um caminho maravilhoso”, disse Kristine Berzina, membro sênior do German Marshall Fund dos Estados Unidos. Unidos, para Kottasová.

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