Boris Casoy: Aumento do fundo eleitoral representa “insensibilidade muito grave”
No quadro Liberdade de Opinião desta quarta-feira (26), comentarista Boris Casoy abordou valores que serão destinados a partidos políticos em 2022
No quadro Liberdade de Opinião desta quarta-feira (26), o jornalista Boris Casoy comentou sobre o levantamento feito pela CNN que aponta que o valor gasto pelo governo federal para o Fundo Eleitoral em 2022 é sete vezes maior do que o montante pago à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2021.
O orçamento deste ano, sancionado na última segunda-feira (24) pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), prevê aproximadamente R$ 4,9 bilhões para partidos políticos. A quantia também é 10 vezes maior do que a verba destinada ao Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela organização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Para Boris Casoy, a diferença na destinação de valores representa uma “insensibilidade muito grave” dos poderes Executivo e Legislativo. O jornalista também afirmou que a quantia anterior, de cerca de R$ 2 bilhões, já era demasiada para o financiamento público. “As campanhas eleitorais deveriam ser produto, na minha opinião, de militância dos partidos políticos. Eles que vão vender boné, camiseta, etc. para arrecadar dinheiro.
“Essa história de dizer que o dinheiro vinha da iniciativa privada, da corrupção, e que agora não, não é bem assim. Eu participo dessa ‘vaquinha’, eu pago impostos. Estou financiando todos os candidatos, todas as candidaturas. Depois, termina a eleição e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) finge que apura os custos e os partidos fingem que prestam contas”, afirmou.
Casoy também questionou a utilização do dinheiro destinado aos partidos, afirmando que, na maior parte das vezes, o montante recai sobre os “caciques” das siglas. Para o comentarista, a legislação possibilita os chamados “partidos de aluguel” e aponta como solução a introdução do voto distrital, que diminuiria os custos das campanhas e aumentaria a participação dos eleitores.
“O Brasil é um dos pouquíssimos – dois ou três países do mundo – que não tem voto distrital. O resto, todo mundo tem. Claro que fica muito difícil mudar isso, porque os atuais políticos não querem. Eles estão numa boa, sendo eleitos e reeleitos.”
Para Boris, o sistema atual – que favorece quem está no poder com o recebimento das verbas – acaba sendo antidemocrático. “Eu lamento profundamente o que está acontecendo. Em um país em crise de saúde, de educação, você vê estes números.”
“É um susto esta reportagem da CNN. Estamos prestando um excelente serviço para a população, que tem que reagir. Escreva para seu deputado, para seu senador. Isso não pode ser permitido, depois eles vêm com a maior cara de pau pedir voto. Isto é uma vergonha”, concluiu.
Brasil na OCDE
O Brasil deve começar em breve a negociação para entrada na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Embora a formalização para adesão tenha sido aprovada por unanimidade pelos embaixadores do grupo, o processo deve levar cerca de três anos. Formada por 38 países, a OCDE é conhecida internacionalmente como um “clube dos ricos”, mas também possui economias emergentes da América Latina entre os membros.
Sistema de Valores a Receber
O Banco Central (BC) precisou suspender temporariamente o Sistema de Valores a Receber no seu site. Após ser liberado na segunda-feira (24), a plataforma saiu do ar pelo excesso de acesos. O BC informou que a medida foi necessária para estabilizar os canais de atendimento, que podem devolver cerca de R$ 8 bilhões “esquecidos” à população.
Troca de Sergio Moro
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro (Podemos) vem enfrentando resistência de uma ala do União Brasil, futuro partido que poderá contar com o pré-candidato à presidência. O União nascerá da fusão entre PSL e DEM, que, segundo apuração da analista da CNN Thais Arbex, apresenta mais ressalvas contra o nome de Moro. Na avaliação do partido, o combate à corrupção – principal bandeira do ex-juiz – está longe da realidade do eleitor brasileiro.
O Liberdade de Opinião teve a participação de Boris Casoy e Fernando Molica. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.