Vladimir Putin está em uma posição de força na Ucrânia, afirma especialista
Potencial da China como mercado consumidor do gás da Rússia limita efeitos econômicos de sanções pelo Ocidente
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As tensões globais aumentaram à medida que países ocidentais temem um possível ataque à Ucrânia por parte da Rússia. Para Leonardo Trevisan, economista e professor da ESPM, o presidente russo, Vladimir Putin, está em uma posição de força no atual cenário.
“A função pela qual a Rússia pressiona por essa situação é porque Vladimir Putin imagina que está em uma posição de força, e de fato, ele está sim com as cartas na mão, porque o Ocidente neste momento enfrenta uma crise energética muito grave. Quando nós olhamos para a posição alemã, principal país e maior PIB da Europa, tem uma posição muito cautelosa sobre a questão ucraniana, porque a Alemanha depende do gás russo, que chega pela Ucrânia”, afirmou Trevisan em entrevista à CNN nesta segunda-feira (24).
O professor diz que é essa dependência que levou a um pedido da Alemanha por calma em relação ao cenário atual por parte do primeiro-ministro Olaf Scholz, que assumiu o cargo recentemente e “não está com uma grande experiência internacional”.
Uma novidade na situação ucraniana foi o anúncio do Reino Unido de que pretende retirar cidadãos de sua embaixada no país temendo uma invasão russa, movimento seguido pelos Estados Unidos. Para Trevisan, a decisão está ligada a uma crise política interna.
“A diplomacia americana, para não deixar o Reino Unido sozinho, acompanhou com menos intensidade. O restante dos países europeus tomaram uma atitude muito mais cautelosos. Essas posições do Reino Unido têm a ver com questões internas de Londres. O governo Boris Johnson enfrenta problemas internos muito fortes. Está com pedidos de desconfiança no parlamento. Uma atitude de pressão internacional cai como uma luva para desviar a atenção”m diz.
Na avaliação de Trevisan, a força da Rússia atualmente está ligada a outro ator internacional relevante, a China. “Nós temos que entender a notícia, dada com cautela, de que no dia 4 de fevereiro, na abertura das Olimpíadas de Inverno em Pequim, o principal convidado será o Vladimir Putin, para a assinatura de um possível acordo para a construção de um segundo gasoduto transportando gás russo para Pequim.”
Na linha de frente, ucranianos se preparam para possível ataque:
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Um soldado ucraniano aponta para um cachorro em uma trincheira da linha de frente. Os cães vivem nessas trincheiras com os soldados e fornecem um alerta precoce contra intrusos
Crédito: Timothy Fadek/Redux for CNN - 2 de 11
Uma usina de energia é vista na cidade ucraniana de Kramatorsk, não muito longe da linha de frente do conflito
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Soldados ucranianos sentam-se na traseira de um caminhão em Slov'yanoserbs'k
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Soldados ucranianos vigiam sua posição na trincheira. "Um dos soldados apontou para o horizonte e disse: 'Vê aquele monte? Os terroristas estão atrás daquele monte'", disse o fotógrafo Timothy Fadek. "Eles se referem aos separatistas como terroristas."
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Um olhar dentro de uma trincheira ucraniana na linha de frente
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Um agricultor em Muratova corta madeira enquanto os membros da família a recolhem para vender a uma base militar ucraniana próxima
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Os soldados ucranianos com quem Fadek passou um tempo estavam extremamente relaxados, segundo ele. "Eles abraçaram a inevitabilidade"
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Uma mulher vende peixe seco na estrada que leva a Kramatorsk
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Um soldado ucraniano ajusta sua máscara de esqui para enfrentar o frio da região
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Soldados esperam em seus postos nas linhas de frente
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Um soldado caminha com cães em uma trincheira da linha de frente. "Eu estive nas trincheiras muitas vezes antes no verão", contou Fadek. "Esta é a primeira vez que foi no inverno. Como as trincheiras e a paisagem estão cobertas de neve, me lembra as trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Miséria fria
Crédito: Timothy Fadek/Redux for CNN
“Se a Alemanha ousar jogar fora o gasoduto construindo para levar pelos Bálticos o gás russo para ela, não há problema nenhum para os russos, porque os chineses estão esperando com dinheiro na mão. Na prática, significa uma mudança geopolítica fundamental no mundo, e os alemães estão pensando duas vezes”, afirma.
Para o professor, “os russos sabem que as pressões internacionais, econômicas do ocidente, têm um limite, porque eles têm outro freguês para o gás russo. Esse papel faz com que a diplomacia americana pense duas vezes em jogar fora as relações entre Europa e Rússia pelo caso ucraniano”.
Entretanto, ele avalia que, no cenário de tensão atual, “qualquer centelha pode provocar uma situação descontrolada, em que depois não se recupera o efetivo controle da situação. É possível que uma tensão menor faça a situação sair do controle, mas esperamos que a sensatez e a prudência que a liderança francesa e a alemã impere, e que o cuidado com a oportunidade oferecida aos chineses também faça com que se freie os tambores da guerra e a diplomacia fale mais alto”.