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    Corpo de Elza Soares é sepultado no Rio de Janeiro

    Cerimônia no cemitério Jardim da Saudade de Sulacap foi restrita a familiares e amigos

    Anna Gabriela Costada CNN , em São Paulo

    A cantora Elza Soares foi sepultada na tarde desta sexta-feira (21) no cemitério Jardim da Saudade de Sulacap, no Rio de Janeiro. A artista morreu de causas naturais, aos 91 anos, na quinta-feira (20). A informação foi confirmada pela equipe de Elza Soares nas redes sociais da cantora.

    O velório foi realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o corpo da artista chegou ao local pela manhã, e a cerimônia de despedida ocorreu das 8h às 10h, reservada apenas para familiares e amigos. Das 10h às 14h o velório foi aberto ao público, para que os fãs pudessem se despedir da artista.

    O translado para o cemitério foi feito pelo carro do Corpo de Bombeiros com trajeto passando pela Av. Atlântica, no Rio. A cerimônia no cemitério também foi restrita a familiares e amigos da cantora.

    Diversos artistas manifestaram os sentimentos à Elza Soares após a confirmação da morte da cantora, aos 91 anos, na tarde desta quinta-feira (20). Escolas de samba também utilizaram as redes sociais para prestar homenagens à artista.

    O comentarista da CNN, maestro João Carlos Martins, afirmou que Elza Soares sempre teve um alto astral perante o público, mesmo em momentos mais complicados de sua trajetória.

    “Esse astral de otimismo faz parte da vida de um artista na hora que ele está diante do seu público. A Elza simbolizava afinação, ritmo e ginga. O que ela significou para a comunidade negra é algo que nem todos os artistas conseguiram até hoje”, disse o maestro.

    A Mocidade Independente de Padre Miguel, que em 2020 trouxe para a avenida o enredo “Elza Deusa Soares”, manifestou-se poucos minutos após a divulgação da morte da cantora.

    “És a ESTRELA! Seu povo esperou tanto pra revê-la! E reviu! Reviu o seu amor Independente passar na Avenida da forma mais linda possível! Só podemos agradecer por tudo. Consternados! Essa é a nossa despedida! Obrigado, Deusa. NÓS NÃO VAMOS SUCUMBIR NUNCA!”, divulgou a Mocidade no Twitter.

    Corpo da cantora seguiu em cortejo no carro do Corpo de Bombeiros até o cemitério / Cleber Rodrigues / CNN

    Carreira

    Nos últimos anos, Elza se manteve ativa no mundo musical e na militância política. Seus três últimos álbuns estiveram carregados da temática feminina.

    Lançou, em 2019, o álbum “Planeta fome”, que foi um marco em sua carreira, onde abordou o período em que perdeu dois filhos para a inanição e ela própria quase morreu.

    Antes, em 2018, lançou “Deus É Mulher” e, em 2015, Mulher do Fim do Mundo.

    Ao todo, Elza Soares lançou 34 álbuns ao longo da sua carreira. Seu talento foi revelado em 1953, quando participou do programa “Calouros em desfile”, apresentado por Ary Barroso na Rádio Tupi.

    “Entrei segurando minha roupa para ela não desmontar e arrastando uma sandália muito vagabunda, que era a única que eu tinha, e o Ary logo me olhou com aquela cara de quem ia aprontar alguma comigo”, lembrou a cantora na biografia “Elza”, escrita pelo jornalista Zeca Camargo.

    “‘O que você veio fazer aqui?’, perguntou impiedoso. ‘Vim cantar’, respondeu Elza, achando que era melhor não ceder às brincadeiras. Ele dobrou então a provocação: ‘E quem disse que você canta?’ Outra resposta curta: ‘Eu, seu Ary’”, diz outro trecho do livro.

    Em 2000, Elza Soares foi eleita a voz do milênio pela BBC.

    Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), a cantora e compositora tinha 864 gravações cadastradas.

    Corpo de Elza Soares é velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. / Cleber Rodrigues / CNN

    Vida

    Nascida em 23 de junho de 1930 na zona oeste do Rio de Janeiro, casou-se aos 12 anos com um homem dez anos mais velho, Alaúrdes Soares, e foi mãe aos 13. Elza perdeu dois dos cinco filhos por causa da inanição e ficou viúva aos 21.

    Conheceu Garrincha nos anos 1960, com quem teve um filho. Eles ficaram juntos por 15 anos e, ao longo deste período, Elza sofreu com episódios recorrentes de violência doméstica, relatados anos depois.

    Assim como Elza, Garrincha morreu também em um 20 de janeiro. Foi em 1983.

    A cantora também foi samba enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, em 2020, com o tema “Elza Deusa Soares”.

    Na divulgação da canção, a escola saudou a compositora e a descreveu como “incendiária” e “monumento vocal”.

    “Deus é mesmo mulher. Deus é negra. / Ouçam a sua palavra que nos invade. / Salve a Mulher do Fim do Mundo. / Salve Elza Deusa Soares”, finaliza a sinopse.

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