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    Fila de espera por um leito no estado do Rio é a maior dos últimos nove meses

    Em apenas uma semana, o número de pessoas aguardando atendimento subiu 219%

    Iuri Corsinida CNN , Rio de Janeiro

    O avanço da variante Ômicron e o aumento do número de casos de Covid-19 têm causado impactos cada vez mais significativos na rede de saúde. No estado do Rio, o número de pessoas na fila de espera por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e de enfermaria já é o maior dos últimos nove meses. Atualmente há, em todo o estado, 233 pessoas aguardando por atendimento. O maior número anterior a esse foi registrado em 28 de abril do ano passado, quando a fila era de 234 pessoas.

    Dentre as pessoas que aguardam essas vagas, 156 esperam por um leito de UTI (o maior número desde 8 de abril de 2021) e 77 aguardam internação em enfermaria (o maior desde 31 de maio do ano passado). Os dados constam do painel de monitoramento da Covid-19 da Secretaria de Estado do Rio de Janeiro (SES), com última atualização nesta quarta-feira (19).

    Em apenas uma semana, o número de pessoas na fila de espera por um leito na rede estadual de saúde, seja de enfermaria ou de UTI, teve um aumento de 219%. Na quinta-feira da semana passada, 73 pessoas aguardavam uma vaga. Já na rede pública da capital o aumento foi de 231%, indo de 252 para 836 pacientes internados. Na cidade do Rio, 88% dos pacientes hospitalizados não completaram o esquema vacinal ou não se vacinaram.

    Segundo o infectologista José Pozza, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), é preciso aumentar a taxa vacinal no país e não ignorar os efeitos da Ômicron.

    “Apesar de a Ômicron ser uma variante que aparentemente evolui para quadros mais leves, isso não acontece em todos os casos. Em algumas pessoas ela causa doenças bastante sintomáticas, inclusive algumas vezes necessitando de internações, ventilação mecânica, etc. Sabemos que os pacientes não vacinados ou com esquema vacinal incompleto têm agravado com uma frequência grande e, infelizmente, temos ainda muitas pessoas que não se vacinaram no Brasil”, alertou.

    Conforme informado pela Secretaria, a média do tempo de espera, desde o momento da solicitação até a reserva de um leito, está, atualmente, em cerca de 5 horas para os de enfermaria e 4 horas para os de UTI. Na capital, o número passado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é maior. Com 43 pessoas aguardando vaga, o tempo médio de espera é 49 horas.

    Ocupação de leitos

    O estado do Rio de Janeiro registrou, nesta quarta-feira (19), segundo o painel da Secretaria de Estado de Saúde (SES), o maior índice percentual de ocupação de leitos de UTI na rede estadual de saúde dos últimos quatro meses. Atualmente, 62% dos leitos de UTI estão ocupados. A última taxa maior do que essa foi em 14 de setembro do ano passado, quando o estado alcançou 69% dos leitos ocupados. Já a taxa de ocupação de leitos de enfermaria, atualmente em 63%, é a maior dos últimos oito meses. Em 26 de maio do ano passado, esteve em 64%.

    Ainda de acordo com dados da Secretaria, há, atualmente, dois municípios com 100% de ocupação em leitos de UTI. Barra do Piraí e Teresópolis. Cidades com 101 mil e 185 mil habitantes, respectivamente. Além destas cidades, o município de Maricá, com população estimada em cerca de 167 mil pessoas, está com 95% de ocupação em leitos de UTI e 94% de enfermaria; e Itaboraí, com cerca de 244 mil habitantes, tem 97% de seus leitos de UTI e 98% dos de enfermaria ocupados. Na capital, a taxa de ocupação nas UTIs é de 68% e já não há vagas nos leitos de enfermaria.

    À CNN, o chefe da UTI do Hospital Emílio Ribas, Jaques Sztajnbok, já havia alertado sobre a pressão que o sistema de saúde poderia sofrer com a alta taxa de infectados pela Ômicron, mesmo tendo em vista sua letalidade menor em relação às outras variantes.

    “Hoje a pressão sobre o sistema de saúde na área de emergência é muito grande. Como essa é uma variante que infecta muito rápido, mesmo que eu tenha ‘apenas’ 0,5% dos infectados indo para a UTI, esse percentual dentre milhões de contaminados é um número bastante expressivo que pode levar o sistema de saúde a um colapso”, disse.

    Segundo divulgado na quarta-feira (19) pela Fiocruz, entre os dias 10 e 17 de janeiro, houve um aumento na taxa de ocupação de leitos de terapia intensiva para Covid-19 na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) do país. Dez estados brasileiros e o Distrito Federal apresentam taxa de ocupação entre 60% e 80%, considerada zona de alerta intermediário. No levantamento feito na semana passada, eram seis as regiões, incluindo o DF, em zona de alerta intermediário.

    Já os estados de Pernambuco, Espírito Santo, Mato Grosso e Goiás, estão na chamada zona de alerta crítico, quando as taxas de ocupação são iguais ou superiores a 80%.

    (Com informações de Isabelle Resende)

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