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    Primeiros voos de ajuda humanitária chegam a Tonga e país teme Covid-19

    País insular registrou apenas um caso de coronavírus durante a pandemia e agora recebe ajuda humanitária após devastadora erupção vulcânica e tsunami

    Rhea MogulJake KwonSophie JeongAlex Stambaughda CNN

    Os primeiros voos de ajuda humanitária chegaram a Tonga nesta quinta-feira (20), enquanto a nação insular do Pacífico livre da Covid-19 toma precauções para manter o vírus fora de suas fronteiras após uma devastadora erupção vulcânica e tsunami.

    Voos da Austrália e Nova Zelândia transportando materiais para socorro em desastres aterrissaram no Aeroporto Internacional de Fua’amotu, na capital de Tonga, Nuku’alofa, depois que a pista foi limpa das cinzas vulcânicas e dos detritos após a violenta erupção de sábado do vulcão submarino Hunga-Tonga-Hunga-Ha’apai.

    Isso ocorre após um político do alto escalão de Tonga alertar sobre a potencial escassez de alimentos no país.

    A ajuda será entregue sem qualquer contato, para evitar o risco de propagação da Covid-19 no país – que viu apenas um único caso desde o início da pandemia. Tonga vacinou totalmente mais de 80% de sua população elegível contra a doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

    Uma aeronave C-130 Hercules da Força Aérea da Nova Zelândia chegou a Tonga transportando kits de saneamento, purificação de água, abrigo e higiene, juntamente com geradores e equipamentos de comunicação, informou o Ministério das Relações Exteriores de Wellington, em um comunicado nesta quinta-feira.

    Um avião da Força Aérea da Austrália leva mantimentos a Tonga sem contato, para evitar contágio por Covid-19 / Australia DOD

    Era esperado que a aeronave ficasse no solo por até 90 minutos antes de retornar à Nova Zelândia, acrescentou o comunicado.

    “Não haverá contato. Fomos rigorosamente disciplinados para garantir que a Covid não seja transmitida em Tonga”, disse o comandante das Forças Conjuntas da Nova Zelândia, contra-almirante Jim Gilmour.

    Além disso, o navio de patrulha HMNZS Wellington deve chegar ao porto de Nuku’alofa nesta quinta-feira, à frente de outros navios de abastecimento, de acordo com um comunicado do governo da Nova Zelândia.

    O navio está transportando equipes hidrográfica e de mergulho e carrega um helicóptero para ajudar na entrega de suprimentos, diz a nota.

    Outro navio da Marinha com 250 mil litros de água chegará a Tonga na sexta-feira, disse Gilmour.

    O primeiro de dois aviões C-17 da Real Força Aérea Australiana (RAAF, na sigla em inglês) também pousou em Tonga, de acordo com o ministro do Desenvolvimento Internacional da Austrália.

    “Aterrissou! O primeiro voo da RAAF [da Austrália] carregando suprimentos humanitários muito necessários pousou em Tonga, e um segundo C-17 está a caminho”, postou no Twitter o ministro Zed Seselja nesta quinta-feira. “Esses voos fornecerão abrigo, kits de higiene, EPI para pessoas que limpam as cinzas, recipientes de água e outros suprimentos para atender às necessidades imediatas”.

    Enquanto isso, outro navio da Marinha australiana transportando ajuda vai “em breve” navegar de Brisbane para Tonga, escreveu o Departamento de Defesa da Austrália no Twitter na quinta-feira.

    “Tonga permanece livre da Covid-19 e eu assegurei ao primeiro-ministro [tonganês] [Siaosi] Sovaleni que estamos colocando a mais alta prioridade em fornecer apoio da Austrália de maneira segura contra a Covid”, disse em nota o primeiro-ministro australiano Scott Morrison, na quarta-feira.

    A Austrália fez uma promessa inicial de mais de US$ 700 mil (cerca de R$ 3,8 milhões) para o esforço de recuperação de Tonga, acrescentou Morrison.

    O Ministério da Defesa do Japão disse nesta quinta-feira que também enviará duas aeronaves C-130 transportando água potável para Tonga.

    Imagens de satélite mostram erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, próximo as ilhas de Tonga / Maxar Technologies via Getty Images

    ‘Toda a agricultura está arruinada’ em Tonga

    À medida que a ajuda humanitária começou a chegar, um político do alto escalão de Tonga disse nesta quinta-feira que a nação insular poderá enfrentar uma escassez de alimentos depois que todas as suas colheitas foram destruídas pela erupção e pelo tsunami – que lançou ondas de até 15 metros contra a ilha principal, Tongatapu, e as ilhas ‘Eua e Ha’api.

    “Toda a agricultura está arruinada e ouvi dizer que os agricultores foram assegurados pelo primeiro-ministro de que serão atendidos”, disse o presidente da Câmara, Lord Fakafanua, à Pacific Media Network.

    “Mas é muito triste ouvir isso. Então, além de precisarmos de água em Tonga, parece que também enfrentaremos uma escassez de alimentos”.

    O primeiro-ministro Sovaleni disse na terça-feira que Tonga enfrenta “um desastre sem precedentes”, acrescentando que pelo menos três pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas.

    Todas as casas na ilha de Mango – onde vivem 36 pessoas – foram destruídas, enquanto apenas duas casas permanecem inteiras na ilha de Fonoifua, e grandes danos foram relatados na ilha de Nomuka – onde moram 239 pessoas, disse ele.

    A nação insular de mais de 100 mil pessoas ficou isolada do resto do mundo depois que um importante cabo submarino foi danificado na erupção. Algumas ilhas menores ainda estão sem comunicação, com oficiais e equipes de resgate correndo para reestabelecer o contato.

    Os primeiros detalhes da devastação só surgiram na terça-feira, depois que a Austrália e a Nova Zelândia fizeram voos de reconhecimento pelo arquipélago – uma viagem de três a cinco horas.

    Fotos mostraram comunidades inteiras da ilha cobertas por uma espessa camada de cinzas, casas e prédios destruídos e estradas costeiras seriamente danificadas.

    Segundo a Cruz Vermelha, as cinzas, juntamente com as águas do tsunami, contaminaram fontes de água e alimentos.

    Nuvem de cinzas foi criada com a erupção do vulcão em Tonga / Serviços Geológicos de Tonga

    A entrega de ajuda humanitária foi prejudicada pela queda de cinzas na pista do aeroporto, forçando a Nova Zelândia a enviar dois navios da Marinha para apoiar no suporte na terça-feira.

    Garantir o acesso à água potável continua a ser uma prioridade crítica para os grupos de socorro, que estão preocupados com a propagação da diarreia e de doenças como a cólera.

    A erupção do vulcão Hunga-Tonga-Hunga-Ha’apai provocou ondas de choque em todo o mundo e provocou tsunami que foi sentido a milhares de quilômetros de distância, matando pelo menos duas pessoas no Peru.

    O vulcão fica no Anel de Fogo do Pacífico, sismicamente ativo, a cerca de 65 quilômetros ao norte da capital de Tonga.

    Na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Nova Zelândia alertou que são prováveis outras erupções do vulcão, representando risco de tsunami.

    A estimativa foi baseada na modelagem da GNS Science, um instituto de pesquisa geológica da Nova Zelândia, disse o ministério. “O cenário mais provável é para erupções em andamento nos próximos dias ou semanas, com risco de tsunami em curso para Tonga e Nova Zelândia”, afirmou.

    Contribuíram com esta reportagem: Angus Watson, em Sydney; Caitlin McGee, em Auckland; Eric Cheung e Lizzy Yee, em Hong Kong.

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