Alzheimer pode ser causado pelo acúmulo de gordura nas células do cérebro
Descoberta de estudo recente pode ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento da doença
As causas exatas do Alzheimer ainda estão sendo investigadas e discutidas pelos cientistas. As principais hipóteses incluem o acúmulo das proteínas beta-amiloides e de emaranhados de tau nas células do cérebro. No entanto, um novo estudo reforça uma outra possível causa: o acúmulo de gordura nas células cerebrais.
A presença dessas placas gordurosas no cérebro de pessoas que morreram de Alzheimer é algo conhecido desde a primeira vez que Alois Alzheimer deu nome à doença, no início do século XX. No entanto, ainda são poucos os estudos sobre essa possível causa.
Agora, uma pesquisa publicada na Nature Medicine, na quarta-feira (13), sugere que a doença pode ser causada pelo acúmulo de gotículas de gordura nas células do cérebro. A descoberta pode ajudar a desenvolver tratamentos mais eficazes para o Alzheimer.
Para chegar a essa conclusão, pesquisadores da Stanford University analisaram um gene chamado APOE, que codifica uma proteína que ajuda a transportar gordura para dentro e para fora das células. Existem diferentes variantes desse gene e o APOE4 traz o maior risco para o desenvolvimento de Alzheimer — apesar de o motivo para isso ainda não estar definido.
Os cientistas realizaram, então, uma técnica de sequenciamento de RNA unicelular para identificar quais proteínas estavam sendo produzidas em células. Esse experimento foi feito em amostras de tecidos cerebrais de pessoas que morreram devido ao Alzheimer e que apresentavam genes APOE4 ou genes APOE3.
Com isso, os pesquisadores descobriram que pessoas que possuíam a variante do gene APOE4 apresentavam células cerebrais com níveis elevados de uma determinada enzima que aumentava as gotículas de gordura nessas células.
Além disso, a equipe de cientistas aplicou proteína beta-amiloide nas células de pessoas vivas com a variante APOE4 ou APOE3. Isso fez com que as células cerebrais acumulassem gordura, principalmente no caso da variante APOE4.
A conclusão dos pesquisadores é que, no Alzheimer, o acúmulo de amiloide desencadeia o acúmulo de gordura, podendo levar, também, ao acúmulo de tau nos neurônios. Tudo isso leva à morte de neurônios, causando aos sintomas de Alzheimer, como perda de memória e confusão mental.
Mais estudos são necessários para reforçar a tese descoberta pelo atual estudo.