Servidores de 40 categorias protestam por reajuste e pedem reunião com Guedes
Movimento é reflexo da aprovação do Orçamento de 2022, anunciada pelo Congresso em dezembro, e que prevê aumento salarial apenas para policiais federais
Servidores de 40 categorias do funcionalismo público pararam os trabalhos e realizam manifestações em Brasília nesta terça-feira (18). Os funcionários, liderados pelo Fórum das Carreiras de Estado (Fonacate), pedem também uma reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes, e aguardam uma resposta do governo .
Os protestos tiveram início à frente da sede do Banco Central, durante a manhã, e seguiram na porta do Ministério da Economia durante a tarde.
O movimento é reflexo da aprovação do Orçamento de 2022, anunciada pelo Congresso em dezembro, e que prevê reajuste salarial apenas para policiais federais, além de um corte no orçamento da receita Federal. Isso causou reação de outros setores, que também prometem fazer manifestações em Brasília.
Governo avalia solução
Na tentativa de amenizar a reação de outros setores, os Ministérios da Casa Civil e da Economia discutem a recomposição de pelo menos metade do corte de R$ 1,2 bi no orçamento da Receita Federal.
Em meio às tensões, o Fonacate enviou um pedido para se reunir com o Ministro Paulo Guedes e tratar da pauta salarial.
Na véspera, representantes do sindicado dos servidores do BC se reuniram com o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Na avaliação deles, porém, apesar de amistoso, o encontro não ofereceu uma solução.
Presidente decide até sexta
O gatilho que deflagrou os movimentos foi a autorização dada pelo governo, a pedido de Bolsonaro, para reajustar salários de policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários. A medida gerou insatisfação em outras carreiras, que estão com remuneração congelada no atual mandato e não foram beneficiadas pela atual decisão.
No Orçamento deste ano aprovado pelo Congresso, foi reservado R$ 1,7 bilhão para conceder o aumento às categorias de segurança pública. O governo afirma que ainda não foi batido o martelo sobre o tema.
O presidente tem até sexta-feira (21) para decidir sobre a sanção do projeto de Orçamento de 2022. O texto, segundo cálculos da equipe econômica, subestima gastos com pessoal e despesas de ministérios. Por isso, além de não haver espaço para novos reajustes, o Palácio do Planalto avalia fazer um veto de até R$ 9 bilhões para fechar as contas.
No encerramento de 2021, o ministro Paulo Guedes vinha criticando publicamente servidores que estão demandando reposição salarial sob o argumento que a distribuição de um benefício generalizado criaria pressão sobre a inflação e o endividamento do governo. Nas últimas semanas, porém, o ministro não fez mais declarações públicas sobre o tema.
Nos bastidores, a equipe econômica tem se posicionado contra a concessão de aumentos, justificando que dar o reajuste a carreiras específicas deve gerar uma reação em cadeia com intensificação de pedidos e protestos de outras categorias do funcionalismo.
*Publicado por Ligia Tuon. Com informações da Reuters.