Câmara muda requerimento e CPI do Padre Júlio Lancellotti pode ser aprovada ainda hoje
Coleta de assinaturas entre vereadores já começou, é necessário o apoio de 19 parlamentares para protocolar a CPI e 28 para requerer urgência e aprovar
A CPI que terá como alvo o Padre Júlio Lancellotti está a um passo de ser aprovada na Câmara dos Vereadores. Com o apoio do presidente do legislativo paulistano, vereador Milton Leite (União Brasil) e da procuradoria, o vereador Rubinho Nunes (UB) alterou o pedido de CPI ampliando o leque para justamente mirar o vigário.
O novo documento, obtido pela CNN, afirma que o objetivo é ‘apurar violações à dignidade da pessoa humana, em especial crimes contra a liberdade sexual, assédio moral, sexual, psicológico e abusos congêneres cometidos contra pessoas em situação de rua, vulnerabilidade e drogadição no município de São Paulo’.
Agora, Rubinho Nunes vai precisar reunir 19 assinaturas para poder protocolar à CPI e 28 para aprovar o requerimento de urgência, que fura a fila na sessão plenária e agiliza a votação.
A reunião dos líderes partidários está marcada para as 14h desta terça-feira (12/3) e a sessão começa na sequência, às 15h. O objetivo dele é reunir as assinaturas antes disso para fazer o processo avançar. “Hoje começo a coleta de assinaturas, a ideia é aprovar ainda hoje porque já tem acordo”, disse o parlamentar à CNN.
Líderes partidários ouvidos pela CNN afirmam que, considerando o apoio do presidente da Câmara e as novas denúncias, a tendência é de aprovação da CPI a contragosto de partidos de oposição, como PSOL e PT.
Pelo menos três denúncias contra Júlio Lancellotti foram apresentadas na Câmara dos Vereadores. O mais novo relato é de um homem que teria sido assediado no ambiente de uma ONG e que teria mantido relações sexuais com o padre em troca de dinheiro para comprar drogas. A CNN apurou que essa nova denúncia não está incorporada em processos policiais, jurídicos ou canônicos e não teve acesso a provas que endossem esse relato.
A outra denúncia se refere a imagens onde supostamente o padre aparece em uma chamada de vídeo com um menor de idade em conversa com teor sexual. A gravação circulou em 2020 e já tinham sido avaliada pela Arquidiocese de São Paulo e pelo Ministério Público, em investigações arquivadas por falta de provas.
A terceira é sobre um caso que passou a ser investigado pela Igreja Católica no mês passado. O caso foi revelado pela Revista Oeste. A reportagem traz o relato do homem que, aos 11 anos de idade, teria recebido carícias indevidas do religioso na sacristia, área da igreja dedicada à preparação dos padres para missas. A revista intermediou o contato entre a Igreja e o denunciante.
A CNN apurou com fontes da Igreja que o homem foi ouvido e reafirmou o relato perante a Comissão de Tutela da Cúria Metropolitana de São Paulo, que trata casos relacionados a denúncias de teor sexual e menores de idade.
A norma canônica define que a apuração corra em sigilo. Ela prevê que os passos futuros só seriam dados a partir da acolhida da suposta denúncia – o que ainda não aconteceu. Tudo isso é feito de forma sigilosa para preservar as partes envolvidas e a apuração ainda não se transformou em um processo de fato.
A CNN tentou contato com o padre Júlio Lancellotti sobre as novas movimentações dos vereadores e aguarda resposta.