Árvores fossilizadas com 390 milhões de anos são as mais antigas do mundo
Fósseis foram encontrados em altos penhascos de arenito no lado sul do Canal de Bristol, perto de Minehead, na Inglaterra
Cientistas trabalhando no sudoeste da Inglaterra descobriram a mais antiga floresta fossilizada conhecida na Terra, de acordo com um novo estudo.
Datados de 390 milhões de anos atrás, os fósseis quebram o recorde mantido por uma floresta no estado de Nova York em 4 milhões de anos, diz um comunicado de imprensa da Universidade de Cambridge publicado na quinta-feira (7).
Os fósseis foram encontrados em altos penhascos de arenito no lado sul do Canal de Bristol, perto de Minehead, próximo ao local de um parque de férias.
As árvores, conhecidas como Calamophyton, se parecem bastante com palmeiras, mas tinham troncos finos e ocos. Elas não tinham folhas, mas tinham estruturas semelhantes a galhos cobrindo seus ramos, disse Neil Davies, primeiro autor do estudo e professor na departamento de Ciências da Terra da Universidade de Cambridge, à CNN na quinta-feira.s
Elas podiam atingir de 2 a 4 metros de altura e perdiam ramos à medida que cresciam.
A floresta data do Período Devoniano, de 419 a 358 milhões de anos atrás, quando a vida estava se movendo para a terra.
As árvores teriam aprisionado sedimentos em seus sistemas radiculares, estabilizando margens de rios e litorais, explicou Davies.
“Ao fazer isso, elas estão encurralando água em determinados locais e criando esses pequenos canais”, disse ele. “Basicamente, elas estão construindo o ambiente em que desejam viver em vez de serem passivas.”
As descobertas também revelam a rapidez com que as florestas primitivas se desenvolveram, disse Davies.
Enquanto os fósseis na Inglaterra são de uma floresta rala com apenas um tipo de árvore, a floresta mais antiga anterior, no estado de Nova York, tinha mais variedade de espécies, como árvores semelhantes a videiras que cresciam no chão, apesar de viverem apenas 4 milhões de anos depois, explicou ele.
“Ao comparar a flora de Somerset com a flora de Nova York, você realmente vê como as coisas mudaram rapidamente em termos de tempo geológico”, disse Davies.
“Dentro de um tipo de piscada geológica, você tem muito mais variedade”, acrescentou.
As árvores também forneceram um habitat para invertebrados que viviam no chão da floresta, graças aos galhos que caíam no chão.
A equipe encontrou evidências de pegadas e arrastos de cauda deixados por esses primeiros artrópodes, disse Davies.
Embora os cientistas não saibam exatamente o que eram devido à falta de restos físicos, os maiores tinham cerca de 5 a 10 centímetros de largura, afirmou Davies. “Eles são consideráveis”, acrescentou.
A equipe também encontrou evidências de que os artrópodes se enterravam no sedimento do chão da floresta para evitar que se secassem no clima muito quente e semi-árido, disse Davies.
Na época, os penhascos onde os fósseis foram encontrados, conhecidos como Formação de Arenito Hangman, estavam conectados a partes do que hoje é a Alemanha e a Bélgica, em vez da Inglaterra.
Fósseis semelhantes de pedaços de madeira levados para o mar foram encontrados nessas áreas, o que ajudou o coautor do estudo, Christopher Berry, um paleobotânico na Escola de Ciências da Terra e Ambientais da Universidade de Cardiff, a identificar os fósseis encontrados na Inglaterra.
“Foi incrível vê-los tão perto de casa. Mas a visão mais reveladora vem de ver, pela primeira vez, essas árvores nas posições em que cresceram”, disse ele no comunicado.
“É nossa primeira oportunidade de olhar diretamente para a ecologia deste tipo mais antigo de floresta, interpretar o ambiente em que as árvores Calamophyton estavam crescendo e avaliar seu impacto no sistema sedimentar.”
Nada disso teria sido possível sem uma grande dose de sorte, disse Davies.
“Essas foram descobertas fortuitas”, disse ele, explicando que a equipe estava na área para investigar sua geologia geral e tinha se sentado para almoçar em um campo quando avistaram os fósseis.
“Ficamos surpresos ao encontrar a floresta porque é uma parte do mundo que foi examinada bastante extensivamente e ninguém jamais encontrou essas coisas”, disse ele.
O estudo foi publicado no Journal of the Geological Society.