Conselheiros indicados pelo governo Lula derrubam ‘plano Prates’ para dividendos da Petrobras
Fontes da CNN afirmam que o presidente Jean Paul Prates entrou em rota de colisão com os conselheiros indicados pelo Ministério de Minas e Energia; enquanto Prates queria mais dividendos, conselheiros preferiam dinheiro em fundo
O mercado brasileiro começou a sexta-feira (8) decepcionado com a decisão da Petrobras de distribuir uma parcela menor dos dividendos do que fizeram ao longo de 2023. As ações da Petrobras derretem mais de 10% desde o início dos negócios.
Mas por trás disso, há um impasse: segundo fontes da CNN, o presidente Jean Paul Prates e os conselheiros da petrolífera — especialmente os indicados pelo governo federal — entraram em rota de colisão.
A divergência tem relação com a quantidade de dividendos pagos trimestralmente e a parcela investida num fundo, cuja dinâmica ainda não está clara. A proposta da diretoria da Petrobras — Prates incluído — era distribuir metade do lucro que excedeu o previsto para os acionistas e colocar a outra metade na chamada ‘reserva de remuneração de capital’, criada no ano passado.
Ainda não há uma definição clara de qual é o momento de abrir o cofre e fazer esse dinheiro chegar aos que têm papéis da petrolífera.
Já a maioria do conselho da estatal, em especial os conselheiros do governo, decidiu que tudo que excedesse o previsto em Lei deveria ser depositado nessa reserva, rejeitando a divisão meio a meio.
Na prática, a diretoria e o próprio presidente Prates entendiam que era melhor distribuir todo dinheiro agora, até por considerar que o fundo de remuneração não pode ser usado pra qualquer outra coisa, como investimentos, por exemplo. Já os conselheiros preferiram poupar e aplicar, para distribuir os recursos lá na frente, mas sem definir quando esse ‘lá na frente’ vai chegar.
A Petrobras diz que cumpriu a regra de distribuição de dividendos mínimos de 45% do fluxo de caixa livre e o Conselho de Administração votou pela retenção de 100% dos dividendos extraordinários numa conta que só pode ser usada para remuneração de acionistas.
O total de dividendos distribuídos referentes a 2023, por enquanto, ultrapassa R$ 72 bilhões, valor 66% menor que o ano anterior, 2022, último da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando R$ 215 bilhões foram repassados aos acionistas. Àquela época, o valor foi impulsionado pela venda de ativos da empresa.
Fontes da diretoria ouvidas pela CNN falam em ‘tentativa de sabotagem’ por parte dos conselheiros, que podem ter sugerido o congelamento da distribuição de dinheiro para ‘ofuscar’ os resultados de lucro apresentados.
A Petrobras apresentou lucro líquido de R$ 124,6 bilhões em 2023, cerca de US$ 25 bilhões a mais que as multinacionais globais TotalEnergies, da França, e Chevron, dos Estados Unidos.