Diretor de Emergências da OMS rebate Bolsonaro e diz que nenhum vírus é bem-vindo
Mais cedo, presidente Bolsonaro chegou a afirmar que variante Ômicron seria "um vírus vacinal"
Em uma coletiva de imprensa sobre a pandemia, Mike Ryan, diretor de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), foi questionado sobre a fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) dizendo que a variante Ômicron seria “bem-vinda”.
Embora tenha afirmado desconhecer a declaração do presidente brasileiro, Ryan disse que “nenhum vírus é bem-vindo – especialmente quando essa mortalidade e sofrimento são ‘preveníveis’ em grande medida com o uso apropriado de vacinas”.
Em uma live nesta quarta-feira (12), Bolsonaro disse que a variante Ômicron seria um “vírus vacinal”. “Deveriam até… segundo algumas pessoas estudiosas e sérias – e não vinculadas a farmacêuticas – dizem que a Ômicron é bem-vinda e pode sim sinalizar o fim da pandemia”.
“Apesar de a Ômicron talvez ser menos severa como uma infecção individual, isso não significa que é uma doença leve. E há muitas pessoas ao redor do mundo, enquanto falamos, em hospitais e em UTIs, em respiradores, ofegantes – o que deixa muito claro que não é uma doença respiratória”, comentou Ryan.
“Há tanta coisa que podemos fazer. Não é hora de desistir, não é hora de ceder, não é hora de declarar que este é um vírus bem-vindo. Nenhum vírus que mata pessoa é bem-vindo”, complementou.
Queiroga: Ômicron é desafio para Brasil
A declaração de Bolsonaro vai na contramão das falas de Queiroga, emitidas em coletiva do ministério da Saúde, algumas horas depois da live desta quarta-feira (12).
Segundo a pasta, a Ômicron representa um “desafio” para o Brasil. Segundo a pasta, 80% das amostras sequenciadas no país são da Ômicron – o que significa que ela é prevalente aqui.
Queiroga destacou a eficiência da vacinação. “Mas os sistemas de saúde não têm sido pressionados, em especial nas populações que estão fortemente vacinadas”, aponta o ministro. Ele destaca que país já avançou com a vacinação e “com as políticas públicas, o número de óbitos pelo coronavírus está diminuindo”, disse.
Alguns estados começaram endurecer medidas de restrição para conter o aumento de casos. Amazonas, Amapá, Pernambuco e São Paulo reduziram a capacidade de público em eventos, e outros estados voltaram a obrigar o uso de máscaras em locais fechados e abertos.
*Com informações da Reuters e Ingrid Oliveira