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    Operação Verão: MP apura se corpos foram deixados em hospitais por PMs para evitar perícia

    Agentes da Polícia Militar teriam levado suspeitos que já estavam mortos para hospitais de Santos, simulando socorro, para alterar cena das mortes

    Felipe SouzaCatarina NestlehnerCarolina Figueiredoda CNN , Em São Paulo

    O Ministério Público de São Paulo (MPSP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), abriu uma notícia de fato, nesta quinta-feira (7), para investigar a denúncia de que policiais militares teriam levado suspeitos já mortos para hospitais de Santos como se eles ainda estivessem vivos. A ação seria uma estratégia para evitar a realização da perícia no local das mortes.

    As denúncias foram feitas por funcionários da rede pública de saúde de Santos à TV Globo. Segundo o Ministério Público, as irregularidades teriam ocorrido durante a Operação Verão, deflagrada no começo de fevereiro após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, também em Santos. A ação já registra 39 suspeitos mortos.

    Procurada pela CNN, a Secretaria de Saúde de Santos afirmou não ter conhecimento de qualquer coação sofrida pelas equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

    O SAMU, segundo informações da pasta, presta os primeiros atendimentos no local do chamado e faz o transporte dos pacientes que necessitam de atendimento nos hospitais. Se chegar ao local e o óbito for constatado, o SAMU deve acionar o Instituto Médico Legal (IML), e não faz o transporte de pacientes que foram a óbito no local.

    “Nenhum funcionário do serviço relatou a referida denúncia por meio dos canais de ouvidoria da pasta”, afirmou a porta-voz da secretaria ao confirmar que vai abrir uma sindicância para apurar o caso.

    Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que os casos de mortes em decorrência de intervenção policial (MDIP) são investigados com rigor pelas polícias Civil e Militar, além do acompanhamento do MP e da Justiça de São Paulo.

    “É importante reforçar que os casos de MDIP são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia no combate ao crime organizado. A opção pelo confronto é do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população”, diz a secretaria em nota.

    Em nota divulgada nesta quinta (7), o ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, professor Cláudio Silva, afirmou que as operações na Baixada Santista representam um “cenário de massacre e crise humanitária”.

    Durante comissão na Assembleia Legislativa de São Paulo, na quarta-feira (6), o secretário de segurança pública, Guilherme Derrite, havia afirmado que não houve “nenhum excesso” dos policiais militares durante as operações realizadas na Baixada.

    Leia a nota da SSP na integra:

    As forças de segurança do Estado de São Paulo são instituições legalistas que atuam no estrito cumprimento do seu dever constitucional. A Polícia Militar irá analisar os relatos dos socorristas do Samu apresentados pela reportagem, garantindo que o serviço de saúde faça seu trabalho corretamente. Ressalta ainda que o trabalho da perícia é fundamental para a investigação dos casos. A não realização da perícia técnica é exceção e pode ocorrer por fatores como em casos de chuva, localidade, em áreas de difícil acesso como em mangues e etc.

    Todos os casos de morte decorrente de intervenção policial (MDIP) são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e Poder Judiciário. Além disso, as Corregedorias das instituições estão à disposição para formalizar e apurar toda e qualquer denúncia contra os agentes públicos, incluindo as citadas pela reportagem, reafirmando o compromisso da corporação com a legalidade, os direitos humanos e a transparência.

    É importante reforçar que os casos MDIP são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia no combate ao crime organizado, que tem presença na Baixada Santista e já vitimou três policiais militares desde 26 de janeiro. A opção pelo confronto é do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população. A Operação Verão resultou na prisão de importantes lideranças de facções, na apreensão de mais de meia tonelada de drogas e a prisão de 862 criminosos, entre eles 327 foragidos da Justiça.

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