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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Bolsonarismo ganha palanques fortes dentro do Congresso via comissões

    Nova presidente da CCJ, deputada Caroline de Toni é um fenômeno bolsonarista

    O bolsonarismo ganhou palanques importantes no Congresso com a eleição da deputada Caroline de Toni (PL-SC) para presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e de Nikolas Ferreira (PL-MG) para a Comissão de Educação da Câmara.

    A CCJ é a comissão mais importante da Câmara e temas relacionados à educação são objeto há tempos de disputas entre o bolsonarismo e a esquerda.

    Em conversa com a CNN, Caroline de Toni deixou clara sua intenção de pautar a agenda conservadora-bolsonarista.

    Os deputados mais votados da história do Brasil são da ala conservadora e bolsonaristas. Há respaldo na população para isso. Basta ver o tamanho da manifestação de Bolsonaro na avenida Paulista. Na medida do possível, essas pautas aparecerão e se tiver oportunidade, conveniência e clima político vamos pautar

    Caroline de Toni

    A deputada é um fenômeno bolsonarista. Foi eleita pela primeira vez em 2018 na esteira de Jair Bolsonaro (PL). Teve 109 mil votos, dobrados para 227 mil em 2022. É da tropa de choque do bolsonarismo e alinhada às principais bandeiras do movimento.

    Ela adota certa cautela quando questionada sobre a ordem do dia do seu campo político: a anistia a bolsonaristas do 8 de janeiro e ao próprio Bolsonaro.

    “Esse é um dos projetos que a gente vai ter que analisar para ver se tem tem apelo nos coordenadores da bancada. Tem os projetos mais polêmicos na CCJ. A gente vai ouvir todas as bancadas e mediar todos os interesses”, afirmou.

    A cautela se explica pelo fato de que ela só foi eleita após alguns de seus aliados garantirem que haveria moderação e diálogo na condução da agenda. Mas seus posicionamentos políticos são bem claros.

    Nesta semana, por exemplo, em suas redes sociais, ela comemorou a decisão da Justiça dos Estados Unidos de manter Trump elegível. “Grande dia para a América! Para o desespero da esquerda mundial, Trump está de volta ao jogo. (…) Trump faz muita falta! Desde que saiu da Casa Branca, o mundo não ficou mais pacífico, como previam os analistas e a mídia esquerdista. Muito pelo contrário. Todo seu trabalho e esforço para a defesa da paz mundial foi jogado fora por Biden. Está na hora de voltar! Go Trump!“

    Diante da aprovação na França de uma norma que facilita o aborto, ela escreveu: “França celebra a matança de inocentes! Hoje, lamentavelmente a França se torna o primeiro país no mundo a colocar o assassinato de bebês como um “direito” em sua Constituição. “

    Ha duas semanas, ela esteve com Bolsonaro na avenida Paulista e disse nas redes: “Não há palavras para descrever a emoção que sentimos em ver o grandioso mar verde e amarelo que inundou a Avenida Paulista”.

    Caroline de Toni chega à CCJ mediante um acordo avalizado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no começo de 2023, pelo qual o governista PT ocuparia a comissão em 2023 e o oposicionista PL, em 2024. É, portanto, jogo jogado sua ascensão, reflexo das urnas, que deram ao PL a maior bancada do país.

    Ainda que a composição da CCJ seja plural e um debate como esse tenda a rachar a comissão e não dar garantias de aprovação, o simples fato de haver uma defensora da tese no comando da comissão mais importante da Câmara já permite a difusão e amplificação não só dela, mas das demais agendas bolsonaristas.

    Um mostra clara de que, muito embora tenha perdido sua reeleição, a conquista da maior bancada da Câmara deu ao PL e consequentemente a Bolsonaro uma capacidade de manter postos de poder estratégicos para levar adiante suas propostas.