“Sucessão de erros”, diz especialista em segurança sobre tragédia em Capitólio
Desabamento de uma rocha sobre lanchas na região de Capitólio, em Minas Gerais, deixou ao menos oito mortos na tarde deste sábado (8)
Em entrevista à CNN neste sábado (8), o especialista em gerenciamento de riscos e segurança Gerardo Portela citou uma “sucessão de erros” no acidente ocorrido em Capitólio, Minas Gerais. Segundo o Corpo de Bombeiros, oito pessoas morreram e 32 ficaram feridas após a queda de uma rocha no lago de Furnas, ponto turístico da região. Ainda há dois desaparecidos.
De acordo com o especialista, as imagens que circulam nas redes sociais revelam que os ocupantes das embarcações foram alertados pelas pessoas ao redor sobre o risco de desabamento da estrutura. Ainda assim, conforme destaca o entrevistado, a iniciativa de se afastar da região de risco demorou a acontecer.
“Essas últimas imagens são reveladoras de que havia tempo para evitar que as pessoas fossem atingidas, haviam sinais visuais, provavelmente haviam ruídos, porque pedaços de rochas estavam caídos sobre a água, é lamentável”, diz.
Portela reitera que os barcos deveriam estar com a proa apontada para o lado oposto das rochas, de forma a facilitar a saída do local com mais agilidade.
“As últimas imagens revelam o despreparo. Observamos que as lanchas estavam superlotadas, com a proa apontada para o local de risco”, comenta. Segundo ele, as proas das embarcações deveriam estar posicionadas para o lado contrário, de modo a facilitar uma eventual fuga do local. “[Foi] uma sucessão de falhas, pessoas mais distantes estavam percebendo o risco, mas eles ali, mesmo sendo profissionais, não conseguiram ter a atenção certa”, afirmou o especialista em segurança.
Veja imagens do trabalho dos Bombeiros no local:
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Bombeiros realizam trabalho de buscas em lago de Capitólio (MG) onde um pedaço de rocha desabou sobre lanchas neste sábado (8), deixando dez mortos • Bombeiros/MG
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Trabalho dos Bombeiros em lago de Capitólio (MG); desabamento de rocha deixou ao menos três desaparecidos • CBMMG
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O desabamento de uma rocha em um cânion na cidade mineira de Capitólio deixou ao menos sete mortos e dezenas de feridos, segundo as autoridades • CBMMG
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“Temos uma encosta muito inclinada no cânion, com rochas sedimentares – como se fosse areia consolidada ao longo de milhões de anos. Esse tipo de material é muito suscetível às questões climáticas: chuva, sol, variação de temperatura”, diz o geólogo e professor do PROCAM da USP, Pedro Luiz Côrtes • CBMMG
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Trabalho dos Bombeiros em lago de Capitólio (MG); especialistas recomendam que lanchas de turismo mantenham distância das rochas • CBMMG
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Imagens que circulam nas redes sociais revelam que os ocupantes das embarcações foram alertados pelas pessoas ao redor sobre o risco de desabamento da estrutura rochosa • CBMMG
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Bombeiros e profissionais da Marinha participam das buscas por feridos e desaparecidos em Capitólio (MG) • CBMMG
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Vídeo mostra lanchas sendo atingidas por desabamento de pedras em Capitólio (MG) neste sábado • Reprodução/Redes Sociais
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Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas, na cidade de Capitólio, interior de MG • Joel Silva / Foto Arena / Estadão Conteúdo
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Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas, na cidade de Capitólio, interior de MG • Joel Silva / Foto Arena / Estadão Conteúdo
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Equipamentos usados pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em buscas em Capitólio (MG) • Cobom MG
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Bombeiros de Minas Gerais usam barco em buscas em Capitólio (MG); total de mortes chegou a 10 • Cobom MG
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Força-tarefa localiza as dez vítimas de deslizamento de rocha em Capitólio, no lago de Furnas (MG) • Cristiano Machado/Imprensa MG
Acidente
O desabamento de uma rocha sobre lanchas na região de Capitólio, em Minas Gerais, deixou ao menos oito mortos no começo da tarde deste sábado (8).
Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um grande bloco de pedras desaba na água. O incidente teria começado com uma “cabeça d’água” na região dos cânions, provocando o desabamento de pedras e estruturas rochosas, que atingiram ao menos três embarcações — duas afundaram.
O tenente Pedro Aihara, porta-voz do Corpo de Bombeiros de MG, confirmou que dois homens, ainda não identificados, morreram.
Pelo menos 32 ficaram feridos nesse acidente. Entre eles, 23 pessoas foram atendidas na Santa Casa de Capitólio com ferimentos leves e já foram liberadas. Outros dois feridos, com fraturas expostas, estão sendo atendidos na Santa Casa do município de Piumhi.
Três feridos estão sendo tratados na Santa Casa da cidade de Passos, mas não há informações do estado de saúde delas. Por fim, quatro vítimas estão sendo tratadas na Santa Casa de São João da Barra, com ferimentos leves.