Para Economia, reajustes estaduais deterioram quadro fiscal do país
Em ano eleitoral, 16 unidades da federação anunciaram reajustes a servidores públicos, o que pressiona o governo federal em meio à ameaça de greve
O anúncio de administrações estaduais de que concederão neste ano reajustes para servidores públicos causou irritação no governo federal, que vem sendo pressionado por categorias do funcionalismo.
Até agora, segundo levantamento da CNN Brasil, quinze estados e o Distrito Federal confirmaram aumentos e outras sete unidades federativas admitem que avaliam a possibilidade. O argumento é a alta da inflação.
Além dos reajustes aumentarem a pressão sobre a gestão federal, a avaliação no Ministério da Economia é de que a concessão dos aumentos deteriora a situação fiscal do país.
Em conversas reservadas, o ministro Paulo Guedes defende que os estados e municípios não concedam reajuste salarial em meio a um novo aumento dos casos de coronavírus.
A avaliação do ministro, segundo relatos de integrantes da equipe econômica, é de que pedir reajuste salarial neste momento, com o argumento de repor o aumento da inflação, é se recusar a contribuir com a situação econômica do país.
Nas palavras de um técnico da pasta, é uma tentativa de transformar o elevado custo da pandemia nas contas públicas em uma espécie de farra eleitoral, sobretudo em um momento em que o poder público poderá aumentar os custos diante da chegada da variante Ômicron.
Neste momento, os governos estaduais estão com sobra de recursos, porque foram beneficiados pelas transferências de recursos feitas pelo governo federal para o combate à pandemia. Além disso, a inflação tem forte impacto positivo na arrecadação estadual, particularmente no ICMS.
Os especialistas em gestão pública argumentam que existe um risco de descontrole das contas no médio prazo.