No Rio, 2022 começa com ‘boom’ de casos de Covid e dispara a busca por vacina
Além de aumento das contaminações e da procura por imunizantes, internações por coronavírus dobram na maior rede de hospitais particulares do país
O Rio de Janeiro começou o ano de 2022 com um cenário significativamente pior do que o mês de dezembro. Porém, ao mesmo tempo que a taxa de positividade para as pessoas que fazem o teste de Covid-19 disparou, a busca por vacinas também cresceu 56% na capital fluminense.
Nos últimos dias úteis de 2021 (27 a 31 de dezembro), a média de vacinados por dia nos postos da cidade era de 31 mil. Nos dois primeiros dias de postos abertos para vacinar pessoas em 2022 (3 e 4 de janeiro), a média superou 48 mil pessoas. Os dados desta quarta-feira (5) ainda não estão disponíveis, mas já é possível dizer que pelo menos 1.852 pessoas que não tinham tomado sequer a primeira dose tomaram a decisão de tomar o imunizante após a virada do ano.
Se na última semana de 2021, a cada 100 pessoas que testavam positivo para coronavírus na cidade do Rio de Janeiro, 13 tinham o resultado positivo, nos primeiros dias de 2022 o grupo de pessoas mais que triplicou, para 41 a cada 100. Na prática, a positividade cresceu 215% entre os testados, ou 28 pontos percentuais –uma alta que vem sendo registrada dia após dia desde as vésperas da virada do ano. Os dados são do Painel da Covid-19, da Secretaria Municipal de Saúde. O número de respostas positivas entre os testados é o mais alto desde janeiro de 2021.
Os dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio mostram que o aumento da positividade em testes também se reflete num ‘boom’ de casos. A média diária de infectados no estado sextuplicou depois da virada do ano. Ao longo de todo o mês de dezembro de 2021 foram contabilizados 8.008 casos, uma média de 258 por dia. Neste ano, os dados apontam que 6.551 pessoas foram diagnosticadas com a Covid-19, média de 1.637 por dia.
A maior preocupação dos profissionais da saúde, o número de internações, ainda não apresenta variação significativa na rede pública, mas já tem aumento preocupante em pelo menos parte dos hospitais particulares.
Rede D’Or São Luiz
Os dados dos paineis de acompanhamento da situação epidemiológica tanto do estado quanto do município mostram que a rede hospitalar pública do Rio de Janeiro ainda não sentiu o baque do aumento de casos. A maior rede particular de hospitais do país, no entanto, já enfrenta um novo cenário.
Com 63 hospitais, a Rede D’Or São Luiz confirmou à CNN que, em menos de um mês, as internações de pacientes de Covid-19 saltaram 126% em São Paulo e 206% no Rio de Janeiro. No dia 6 de dezembro, a rede tinha 96 pacientes internados. Agora são 217: mais que o dobro. No Rio de Janeiro, no dia 23 de dezembro, às vésperas do Natal, 15 pessoas estavam internadas com coronavírus nas unidades da rede. Nesta quarta o número chegou a 46, mais que o triplo.
Especialistas atribuem o ‘boom’ de casos à variante Ômicron. O infectologista Ricardo Diaz tem receio de que um aumento muito significativo no número de casos provoque uma escalada de internações, mesmo com o perfil de impacto mais brando dessa mutação. “A Ômicron tem transmissibilidade maior e parece ter uma capacidade menor de causar doença grave. Talvez a capacidade de causar doença grave da Ômicron esteja no meio do caminho entre os vírus dos resfriados comuns e da gripe, mas abaixo das variantes da Covid-19 que vieram antes”, diz.
“De qualquer forma, quando se infecta muitas pessoas, a chance de encontrarmos casos que sejam mais graves e que precisem de internação aumenta muito. O ‘pouco’ acaba sendo muito. Isso nos deixa receosos de que o nosso sistema de saúde novamente não tenha capacidade de atender as pessoas que precisam de internação e de UTI no futuro”, alerta o médico.