Políticas públicas são necessárias para realocação profissional, diz especialista
Janaína Feijó aponta que o mundo todo acompanha um grave cenário de precarização do trabalho
Para combater o desamparo social e legal que alguns trabalhadores autônomos enfrentam com a falta de oportunidades no mercado formal, é preciso que políticas públicas voltadas à capacitação profissional sejam executadas. Essa é a avaliação da pesquisadora de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV) Janaína Feijó, que afirmou em entrevista à CNN nesta quarta-feira (5) que a precarização do trabalho deve ser combatida o quanto antes.
“As empresas estão demandando conhecimentos e habilidades que não necessariamente são aquelas que esses trabalhadores têm, então de fato é preciso fazer uma realocação profissional, um investimento voltado para o mercado para que eles se tornem mais competitivos “, disse a pesquisadora.
Feijó destacou que esse é um movimento que está acontecendo no mundo todo e que, consequentemente, leva a uma precarização do trabalho. A expansão dos que trabalham por conta própria, os chamados trabalhadores autônomos, vem acompanhada de muitos trabalhadores que não estão inscritos no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e, segundo a pesquisadora, isso faz com que eles estejam desprotegidos socialmente e sem direitos trabalhistas.
De acordo com a pesquisadora, a pandemia agravou a situação da informalidade, já que com a crise econômica muitas pessoas não estavam conseguindo se reinserir no mercado de trabalho passaram a desenvolver empreendimentos e negócios próprios. Feijó criticiou o “processo de PJtização”.
“De certa forma a gente fala que está ocorrendo também uma precarização do trabalho, porque essas pessoas estão voltando para o mercado de trabalho, mas sem vínculo formal com as empresas”, afirmou.
Com a falta de oportunidades no mercado formal e a falta de uma inscrição no CNPJ, a pesquisadora afirmou que é difícil que esses autônomos tenham uma renda maior do que aqueles que trabalham com carteira assinada. “Como eles não estão conseguindo se reinserir nesse mercado, que está mudando, então a única forma que eles encontram de fato é desenvolver algum tipo de mercado autônomo”, disse.
“Obviamente que se eles tentam identificar uma demanda que está reprimida no mercado, a probabilidade que esse negócio cresça e eles passem para formalização é maior, mas até que isso ocorra é preciso que a gente tenha uma recuperação da economia”, pontuou Feijó.
A pesquisadora avalia que esse cenário não será resolvido em curto prazo, e que investimentos em educação são primordiais para a capacitação profissional, já que a precarização do trabalho é um fenômeno que acontece no mundo todo. “Devemos focar em políticas públicas pra solucionar esses problemas”, concluiu.
*Supervisionada por Elis Franco