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    Coinfecção é um fenômeno natural e observado frequentemente, diz virologista

    Rômulo Neris, da UFRJ afirma que é necessário aumentar a capacidade de testagem para compreender como isso pode afetar o Brasil

    Elis FrancoTiago Tortellada CNN

    A coinfecção, contaminação simultânea por dois tipos de vírus, é um fenômeno frequentemente observado em surtos de doenças, segundo afirmou Rômulo Neris, virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em entrevista à CNN na noite desta terça-feira (4).

    Pelo menos seis estados do Brasil registraram casos de dupla contaminação pelo coronavírus e o vírus influenza, conhecida como “Flurona”, de acordo com levantamento da Agência CNN junto às secretarias estaduais de saúde. São eles: Ceará, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia; Santa Catarina investiga possíveis casos de coinfecção.

    Segundo Neris, esse fenômeno é registrado desde o início da pandemia, não necessariamente com esses dois vírus. Durante as epidemias de zika e chikungunya, ocorreram diversos casos de coinfecção entre as doenças, também de acordo com o virologista.

    “Precisamos ressaltar que não é um único vírus que faz isso, e nem um vírus novo. É um fenômeno natural”, disse.

    Ele alerta que é necessário ampliar a capacidade de testagem e vigilância sanitária para compreender como isso pode afetar, de fato, o Brasil.

    Neris afirmou também que não é possível ter certeza se a coinfecção causa quadros mais graves, mas que o principal grupo de risco continua sendo de pessoas com idade mais avançada.

    Ômicron e Carnaval

    Rômulo Neris disse durante a entrevista que a variante Ômicron é uma preocupação, pois, considerando momentos anteriores da pandemia, o Brasil é um “espelho” do que acontece em outros países, mas com uma diferença de tempo.

    Há um “boom” de casos em vários lugares do planeta devido à nova variante. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram registrados mais de um milhão de casos de Covid em 24 horas na segunda-feira (3).

    “Sabemos que a Ômicron está circulando no Brasil, mas ainda não temos a dimensão. Mesmo com a diminuição de óbitos graças à vacinação, movimento que ocorre desde o ano passado, é possível que haja um aumento [na quantidade de mortes] devido ao grande número de infecções”, afirmou o virologista.

    De acordo com o pesquisador, a maior parte das hospitalizações e mortes por Covid-19 acontece em indivíduos que não tiveram o ciclo vacinal completo, e que é necessário tomar as três doses de imunizantes contra a doença, pois geram um grau maior de proteção.

    Rômulo neris, virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro / Reprodução/CNN

    Sobre o Carnaval, Neris disse que é uma decisão “difícil, mas acertada”. “Temos visto o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave [SRAG], não só pela Covid, mas também pela gripe. Promover, em cerca de 50 dias, mais uma aglomeração nacional poderia minar os nossos esforços de controlar o número de casos”, pontuou.

    Por fim, o virologista afirmou que a vacinação de crianças contra a Covid-19 é “fundamental”. Ele ressaltou que a imunização ajuda a proteger um grande número de pessoas, e que, por mais que hospitalizações e mortes de crianças pela doença não sejam tão expressivas, elas ainda acontecem, sendo um motivo para a vacinação do grupo.

    Além disso, ele explicou que novas variantes são criadas sempre que o vírus se multiplica. Assim, é possível o surgimento de uma nova cepa capaz de infectar mais rapidamente e com maior gravidade as crianças, sendo fundamental a imunização. “Não há o que temer. Assim que possível, vacinem seus filhos”, finalizou.

     

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