Evergrande recebe ordens para demolir 39 prédios em resort chinês
Autoridades da província de Hainan ordenaram que a empresa demolisse 39 prédios, dizendo que as licenças de construção foram obtidas ilegalmente
A incorporadora imobiliária chinesa Evergrande está tentando tranquilizar os investidores sobre o impacto de uma ordem oficial para demolir algumas dezenas de prédios na China.
A mídia chinesa noticiou no fim de semana que as autoridades da província de Hainan —uma ilha tropical na costa do sul da China— ordenaram que Evergrande demolisse 39 prédios, dizendo que as licenças de construção foram obtidas ilegalmente.
A empresa reconheceu o pedido em uma postagem no WeChat na noite de segunda-feira (03), mas acrescentou que não afetou outros edifícios no mesmo projeto de propriedade, que envolve cerca de 61 mil proprietários.
Os 39 prédios fazem parte do gigantesco projeto Ocean Flower Island de Evergrande, em Hainan, no qual a empresa investiu quase US$ 13 bilhões nos últimos seis anos.
A empresa suspendeu as negociações de suas ações em Hong Kong na segunda-feira. Em um documento enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong na terça-feira (04), a empresa disse que retomaria as negociações e confirmou que “se comunicaria ativamente” com as autoridades sobre o projeto da Ilha Ocean Flower e “resolveria o problema de maneira adequada”.
As ações subiram até 10% após o início das negociações no início da tarde, antes de reduzir os ganhos. Eles subiram 1,3%.
No processo de terça-feira, Evergrande também disse que alcançou vendas contratadas de 443,02 bilhões de yuans (US$ 70 bilhões) para 2021. Isso representa uma queda de 39% em relação ao número de vendas de 2020.
E com relação à liquidez, a empresa disse que continuará a “manter ativamente a comunicação com os credores, se esforçando para resolver os riscos e salvaguardar os direitos e interesses legítimos de todas as partes”.
Evergrande —que foi a segunda maior incorporadora imobiliária da China em vendas em 2020— está sofrendo com mais de US$ 300 bilhões em passivos totais.
Ela está lutando há meses para levantar dinheiro para pagar os credores, e o presidente da empresa, Xu Jiayin, estaria vendendo ativos pessoais para sustentar suas finanças. Mas isso não parece suficiente para evitar o calote.
Em dezembro, a Fitch Ratings declarou que a empresa não pagou sua dívida, um rebaixamento que a agência de classificação de crédito disse que refletia a incapacidade de Evergrande de pagar os juros devidos naquele mês sobre dois títulos denominados em dólares.
Os analistas há muito temem que o colapso da Evergrande possa desencadear riscos mais amplos para o mercado imobiliário da China, prejudicando os proprietários e o sistema financeiro em geral. Os setores imobiliários e relacionados representam até 30% do PIB do país.
O Federal Reserve dos EUA alertou em novembro que problemas no mercado imobiliário chinês poderiam prejudicar a economia global.
Já existem muitas evidências de que Pequim está assumindo um papel de liderança na orientação de Evergrande por meio de uma reestruturação de sua dívida e expansão das operações comerciais.
Mas analistas alertaram, porém, que a crise imobiliária continua sendo uma ameaça iminente para a China.