Vale, Petro: veja ações recomendadas por corretoras para investir em janeiro
Carteira da CNN compila levantamento da Órama, XP, Genial, CM Capital, Toro, Santander, Warren, Guide, Ativa, Planner, Safra, Inter Research, Investmind e NuInvest
O mercado começa 2022 observando o impacto da nova variante Ômicron do coronavírus, acompanhando sua disseminação e seus efeitos negativos na economia.
Ao mesmo tempo, os acionistas também seguem atentos à alta da inflação, no Brasil a 10,74% em novembro (no acumulado de 12 meses), enquanto o Banco Central por meio da taxa Selic tenta controlar a decolagem do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).
“Ainda em dezembro vimos o Federal Reserve (Fed) anunciar a aceleração do tapering (redução do volume de compra de ativos), ainda mantendo os juros norte-americanos entre 0 e 0,25%”, declarou Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos.
Dessa forma, as casas de análises e corretoras procuraram mecanismos para se distanciar desses pontos e garantir alguma rentabilidade para os próximos dias de janeiro. E, assim, a Vale e a JBS foram as principais indicadas.
A mineradora anunciou a venda de ativos de carvão, a intenção em se firmar como uma das maiores produtoras de níquel no futuro e adentrou em conversas com a Anglo-American para possivelmente adquirir fatia no projeto Minas-Rio, explica os analistas da Ativa Investimentos, Pedro Serra, Illan Arbertman, Leo Monteiro e Sérgio Berruezo, sobre a ação ter sido recomendada por quase todos os especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business.
Enquanto o frigorífico, dizem os especialistas, surfou na onda de um ciclo bovino favorável nos EUA e o “atual patamar depreciado da moeda nacional contribuiu para o desempenho favorável das ações da JBS”.
“Além da força das operações americanas, a China voltou a autorizar a importação de carne bovina brasileira após o embargo decorrente dos casos atípicos da doença da vaca louca no Brasil, o que fortalece a operação brasileira também”, comentam os analistas da Ativa.
Carteira recomendada
Para montar a primeira carteira recomendada de 2022, o CNN Brasil Business ouviu casas de análises, bancos e corretoras para entender quais são as ações mais sugeridas para o primeiro mês do ano.
Para chegar a lista foram contabilizados os levantamentos da Órama, XP, Genial, CM Capital, Toro, Santander, Warren, Guide, Ativa, Planner, Safra, Inter Research, Investmind e NuInvest.
Veja abaixo o que os analistas comentaram sobre os nove papéis com maior destaque para o primeiro mês de 2022:
Vale
Ação: VALE3
Comentário: Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos
Após fortes quedas que jogaram o preço das ações da Vale para a região dos R$ 62, estamos observando uma retomada em seus preços. Essas quedas foram impulsionadas pela volatilidade no preço do minério de ferro e pela preocupação do mercado com a economia de gigantes globais.
Todavia, temos identificado uma retomada nos preços da commodity que reflete, quase que perfeitamente, as ações da VALE3. E, ao longo do mês de janeiro, poderemos observar um movimento comprador para ações da mineradora.
JBS
Ação: JBSS3
Comentário: Gabriela Cortez, Rafaela Vitória, Breno Francis, Rafael Winalda, Gustavo Alves, Fernando Urbano, Vitor Carvalho, Matheus Amaral, Maria Furtado, Manuela Granja e Henrique Abras, do Inter Research
A representatividade global da JBS e a sua diversificação geográfica proporcionam um balanço mais estável para companhia, tendo em vista que a sua ampla atuação e presença ativa na Austrália, Brasil, Canadá, Estados Unidos e diversos países das Europa reduz os seus riscos e possibilita ganhos com as diferenças cambiais.
No Brasil, a possibilidade de expansão da produção de proteínas, principalmente do gado, e os baixos custos produtivos criam avenidas para o crescimento da JBS.
Além disso, o segmento plant-based da Seara é líder no mercado brasileiro e, com a recente aquisição da Vivera, 3ª maior produtora da Europa no setor, – e diversos investimentos na linha -, vemos a companhia se posicionando fortemente nesse segmento.
Em vista disso, a sua estratégia de expansão por meio de aquisições, mesclado à sua alavancagem controlada e bons resultados, resulta em um cenário positivo para empresa.
Petrobras
Ação: PETR4
Comentário: Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos
Atuando de maneira integrada na exploração e produção de petróleo, a Petrobras vem executando de forma positiva o seu plano de reestruturação, que se baseia na estratégia de gestão de portfólio, através de vendas e desinvestimentos.
Apesar da perspectiva de desaceleração da retomada econômica, diante da divulgação de dados econômicos mais fracos, acreditamos que a Petrobras continuará se beneficiando da atuação de forma monopolista na produção e refino de petróleo no Brasil, contando ainda com uma forte geração de caixa e com um portfólio diversificado em geografia e clientes.
Analisando os preços, acreditamos que, se a PETR4 conseguir superar a barreira dos R$ 30, o movimento comprador pode intensificar.
CPFL Energia
Ação: CPFE3
Comentário: Safra
A CPFL é uma empresa de energia integrada, com negócios em distribuição, geração, transmissão, comercialização de energia elétrica e serviços.
A empresa detém uma operação de alta qualidade que garante fluxo de caixa estável e apresenta uma boa opção para investidores em um mercado volátil.
A companhia é uma boa pagadora de dividendos (payout de 95%, dividend yield médio de 10,6% estimado para 2021-2023) e segue sendo uma das nossas top picks do setor.
BTG Pactual
Ação: BPAC11
Comentário: Investmind
O BTG Pactual é uma instituição financeira com origem e sede no Brasil, atuante nos principais mercados da América Latina.
Além disso, conta com um management experiente e com histórico favorável de iniciativas no mercado financeiro. Recentemente, o banco vem investindo forte em sua unidade de negócios de varejo, com foco em investidores pessoa física e escritórios de agentes autônomos.
O desenvolvimento dessa plataforma digital acompanha o surgimento do BTG+, iniciativa de banco comercial que apresenta sinergia com as linhas de Wealth Management e Varejo da companhia.
Sendo assim, temos visão positiva para as ações do Pactual, que é dominante em algumas linhas de negócio e deve se beneficiar da maior penetração de investidores pessoas física no ecossistema de investimentos.
As diversas aquisições voltadas para o incremento de sua plataforma digital também podem alterar o preço alvo do papel, que já negocia com um upside de mais de 50% em nossa avaliação
Itaú
Ação: ITUB4
Comentário: Ricardo Vilhar Peretti, analista de valores mobiliários do Santander
O Itaú Unibanco, fruto da fusão entre os bancos Itaú e Unibanco em 2008, é o maior banco nacional. Sua presença, porém, não se limita ao território brasileiro, estando presente em outros 18 países. Sua estratégia phygital (físico + digital), que busca integrar agências físicas e empreendimentos digitais é um diferencial entre os grandes bancos brasileiros.
O novo preço-alvo de R$ 34 para o fim de 2022 (vs. R$ 40 anteriormente) implica em um P/L e P/VPA 2022E de 7,5x e 1,4x, respectivamente, e sugere um retorno potencial de 58% (incluindo dividendos) dos níveis atuais de preço.
Nossa expectativa é de um crescimento da carteira de crédito do Itaú em 9% a.a. em 2022, enquanto o custo do risco de crédito (cost of risk) deverá permanecer estável, por volta de 3,0%, abaixo dos níveis pré-pandemia.
No terceiro trimestre, o Itaú reportou lucro líquido recorrente de R$ 6,8 bilhões (+3,6% t/t e +34,7% a/a). O ROE atingiu 19,7%, acima do 2º trimestre de 18,9%.
O desempenho da carteira de crédito foi positivo, com forte expansão proveniente de pessoas físicas. A qualidade dos ativos também foi positiva, mesmo com o aumento de 30 bps nos empréstimos inadimplentes de mais de 90 dias para 2,6%. O aumento da inadimplência nominal, combinado com o crescimento da carteira de crédito, fez com que as provisões aumentassem 12% no trimestre.
Do lado de tarifas, os resultados entre julho e setembro foram bons também, apesar da ausência da contribuição da XP Inc.
Ressaltamos ainda que: o Iti atingiu a marca de 10 milhões de clientes, com adição de 2,2 milhões no 3º trimestere; o NPS transacional do Itaú atingiu 71 pontos em setembro, melhorando 20 pontos em comparação com 1 ano atrás; a taxa efetiva de imposto ficou em linha com o último trimestre, em 36,2%; e o guidance de 2021 foi mantido.
No último dia 4 de outubro as ações do Itaú ficaram “ex” BDRs da XP, no qual cada acionista do Itaú recebeu BDRs da XP (XPBR31) na proporção de 0,0231 BDR para cada uma ação ITUB4 ou ITUB3. Este evento marcou o fim do processo de spin-off da XP no balanço do Itaú.
Entretanto, como parte do acordo firmado entre Itaú e XP no passado, o Itaú ainda exercerá um direito de compra de participação adicional de 11,38% da XP ao múltiplo de 19,0x P/L 2021 (transação já anunciada pelo Itaú e aprovada pelo Bacen). De acordo com nossos cálculos, a operação trará um ganho líquido de impostos de aprox. R$ 21 bilhões (ou 10% do valor de mercado de Itaú).
Vemos a transação de forma positiva e acreditamos que esse ganho financeiro será dividido entre pagamentos extraordinários de dividendos e reforço da estrutura de capital.
Sul América
Ação: SULA11
Comentário: Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos
Em setembro, buscamos exposição no setor de serviços financeiros, em especial o setor de seguros, através das ações da BB Seguridade (BBSE3). Essa decisão se mostrou vencedora tendo em vista que as ações da companhia subiram 10,73% no mês.
Para este mês vamos novamente manter nossa diversificação no setor, dessa vez com as ações da SulAmérica.
Vale destacar que as seguradoras se beneficiam pela elevação de juros, tendo em vista que parte dos resultados financeiros da companhia vem dos rendimentos do caixa e das aplicações financeiras em renda fixa atrelada ao CDI. Com a Selic no patamar de 9,25% e contando, essa linha de receita das companhias deve continuar se beneficiando.
Vibra
Ação: BRDT3
Comentário: Guide Investimentos
A Vibra Energia é a maior distribuidora de combustíveis e lubrificantes do Brasil em volume de vendas, com um market share no mercado de combustível de 28%.
A companhia divide suas operações em três segmentos operacionais: rede de postos, tendo a maior rede nacional, com mais de 8 mil postos revendedores, que podem contar também com lojas BR Mania e centros de serviços Lubrax +; B2B, onde atende empresas de diferentes segmentos da economia; e mercado de aviação, possuindo a maior distribuidora de combustíveis de aviação do Brasil, presente em 90 aeroportos com um market share de 70% no segmento
A companhia apresentou seus resultados do 3º trimestre levemente acima do consenso, com receita de R$ 35,7 bilhões, subindo 23% nos três meses e Ebitda de R$ 1,2 bilhão, com alta de 16% no trimestre. O lucro foi de R$ 598 milhões, um aumento de 57% no período.
A evolução da receita foi decorrente do maior volume vendido, 17% superior ao 2T21, com destaque para óleo combustível (+77%) e querosene de aviação (+40%), com a retomada da mobilidade após a segunda onda de Covid-19, que impactou o 2T21. A empresa apresentou ganho de market share de 1,5 p.p frente ao trimestre anterior, atingindo 29% com adição de 51 postos no trimestre, ao mesmo tempo que manteve a rentabilidade das operações com, Ebitda/m³ de R$ 115, em linha com o 2T21.
Entre os segmentos de atuação, o destaque foi o segmento B2B, com crescimento de 51% no Ebitda (R$ 551 milhões) frente ao 2T21, com margem de R$ 150/m³ (+19% t/t) devido ao forte aumento da venda de óleo combustível e diesel para termelétricas, e redução de R$ 79 milhões em despesas operacionais (-32% t/t), com menores gastos com pessoal, frete e serviços, decorrente dos esforços da companhia em melhorar sua eficiência operacional.
A Vibra celebrou em outubro contratos que possibilitam a compra de até 50% da Comerc Participações, uma holding de empresas que atua na comercialização, gestão de energia para consumidores livres, geradores e pequenas distribuidoras e soluções de eficiência energética. A empresa possui um portfólio de produtos e serviços que alcança um volume de energia comercializada de aproximadamente 2 GW médios, com mais de 3,4 mil unidades consumidoras sob gestão.
A Vibra pagará cerca de R$3,25 bilhões por 50% da Comerc, precificando a empresa em R$ 6,5 bilhões, pagando um EV/Ebitda estimado de 9,7x para 2022.
Rede D’Or
Ação: RDOR3
Comentário: Ricardo Vilhar Peretti, analista de valores mobiliários do Santander
Com histórico de aproximadamente meio século, a Rede D’Or é hoje a maior rede integrada de hospitais privados e cuidados em saúde no Brasil. Sua origem remonta ao Rio de Janeiro, com a fundação do Grupo Labs.
A década de 90 foi marcada pela implementação do conceito “todos os exames em um só local” e no ano de 1998 foi inaugurado o primeiro hospital da Rede D’Or — o Hospital Barra D’Or. A partir de 2011 se deu a expansão em outros estados do Brasil, atingindo a presença em nove estados no ano de 2021.
A companhia é referência em qualidade técnica e conta com 58 hospitais próprios, 1 hospital administrado e 50 clínicas oncológicas. Notamos que dentro do mercado atual, a RDOR possui espaço considerável para aumentar seu market share, especialmente em São Paulo, dada sua participação relativamente baixa de 4% em termos de número de leitos.
O grande diferencial da RDOR é a sua expansão por meio de M&As. A empresa aproveitou a fragmentação do mercado para ser uma grande consolidadora, tendo adquirido 49 hospitais de 2007 até agosto de 2021.
Além de dar continuidade à estratégia de aquisições, a empresa possui um robusto plano de crescimento orgânico, com 11 novos hospitais sendo construídos até 2024 e 21 projetos de expansão dos hospitais atuais.
Em termos setoriais, acreditamos que o mercado de hospitais privados no Brasil tem sólidos fundamentos de crescimento, dada: a tendência de envelhecimento secular da população (2019-40E CAGR de 3,4%) e impacto significativo na demanda por internações; penetração baixa dos planos médicos no Brasil (apenas 22% da população); e serviços públicos de saúde de baixa qualidade.
Além disso, o mercado de hospitais privados é altamente fragmentado (os três principais participantes representam cerca de 9% dos leitos privados, excluindo aqueles ligados ao sistema público), em uma indústria onde a escala é importante.
Vemos a RDOR3 como comparativamente melhor posicionada para capitalizar sobre este setor, indo além do mercado hospitalar e avançando em serviços complementares (por exemplo, diagnósticos, tratamento oncológico, educação, ensaios clínicos e distribuição de medicamentos), considerando a sua: liderança indiscutível (três vezes maior que o segundo maior competidor em termos de leitos); marcas premium; histórico comprovado em M&A, crescimento orgânico e eficiência; e administração reconhecida pelo mercado.
Enxergamos o nível de valuation alto (P/L de 42x para 2022E) como merecido devido ao seu potencial de crescimento (lucro por ação deve crescer 38% ao ano, em média, entre 2022E-24), posicionamento e resiliência de negócios.
Recentemente nossos analistas setoriais introduziram o preço-alvo de R$ 80 para RDOR3 para o fim de 2022, implicando numa reavaliação para 24x VF/EBITDA 2022E dos atuais 17x, impulsionada pela forte execução e expansão de margem nos próximos 12 meses.
Nossas estimativas para 2022E e 2023E de EBITDA ajustado estão 15% e 22% acima do consenso da Bloomberg, respectivamente. Em nossa opinião, o consenso não precifica totalmente a capacidade da RDOR de expandir as margens por meio do aumento da complexidade dos procedimentos (ou seja, cirurgias mais complexas) dentro de seus hospitais e extração de sinergias de M&A anteriores.
A Rede D’Or reportou resultados mistos no 3º trimestre. Do lado positivo, as receitas continuaram em forte ritmo de crescimento e a margem Ebitda ajustada de 28,5% ficou 150 bps acima de nossas estimativas.
Do lado negativo, o lucro líquido foi afetado por Depreciação & Amortização (D&A) e despesas financeiras acima do esperado. Porém, no geral, continuamos com uma perspectiva positiva para 2022 e no longo prazo.