Faustão: em quais casos o transplante de rim é indicado?
O apresentador passou pelo procedimento cirúrgico na segunda-feira (26), devido ao agravamento de doença renal crônica
O apresentador Fausto Silva, o Faustão, passou por um transplante de rim na segunda-feira (26), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Segundo nota divulgada pelo hospital, a cirurgia ocorreu sem intercorrências.
Faustão deu entrada no hospital no domingo (25), devido ao agravamento de uma doença renal crônica. A saúde do rim ficou comprometida após um quadro de insuficiência cardíaca, que o levou a um transplante de coração em agosto de 2023.
De acordo com Américo Cuvello Neto, coordenador do Centro Especializado em Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o transplante de rim é indicado quando a perda da função renal é crônica e irreversível, ou seja, quando não há mais chance de recuperação.
“Nesse caso, o paciente pode fazer a técnica de substituição da função renal pela diálise ou hemodiálise ou, então, pode ser elegível para o transplante”, explica Américo. “O transplante está indicado nesse contexto em que um paciente tem insuficiência renal crônica e a função renal não tem mais chance de recuperação, ou, então, essa chance é muito remota de acontecer, baseada em uma avaliação clínica”, completa.
O transplante de coração pode ter agravado as funções do rim?
O transplante de rim pelo qual Faustão passou nesta semana ocorre cerca de seis meses após o transplante de coração devido à insuficiência cardíaca. O nefrologista, que não esteve envolvido no tratamento do apresentador, comenta que os dois casos podem estar relacionados.
“Quando o paciente tem a insuficiência cardíaca, que é caracterizada pelo mal funcionamento do coração, pode haver o comprometimento do rim. Isso porque ele precisa do aporte de sangue para fazer suas funções. Se o bombeamento de sangue está comprometido, as funções dos rins também podem ser afetadas”, explica Américo.
Além disso, o próprio transplante de coração pode ter agravado a doença renal sofrida por Faustão. “Em qualquer caso de transplante de órgão, de maneira geral, muitas das drogas usadas para o tratamento para evitar rejeição do novo órgão podem trazer uma toxicidade para o rim”, afirma o especialista. “Isso é um outro fator que pode justificar a perda ou a agravar um quadro de insuficiência renal já existente”, completa.
Quais são os cuidados após o transplante de rim?
O transplante é um procedimento que pode causar comprometimento do sistema imunológico do paciente, tanto pela própria recuperação da cirurgia, quanto por conta dos medicamentos utilizados para evitar a rejeição do órgão transplantado, conforme explica Américo.
“Existe, principalmente, no período inicial após transplante, um maior risco de contrair infecções e é preciso ter cuidado com os medicamentos que são utilizados. Porém, tudo isso é feito com orientação e avaliação médica”, afirma.
Quando um caso passa a ser prioritário para o transplante de rim?
Quando um paciente está com um quadro grave de insuficiência renal, ele é priorizado na lista de espera para transplante do Sistema Nacional de Transplantes assim que surge um órgão doado compatível.
“Isso é uma norma, não importa se é uma pessoa pública ou não”, afirma. “Com a outra alternativa ao transplante, que é a diálise, as chances do paciente, em questão de prognóstico, não são tão boas. Então, o transplante passa a ser uma prioridade”, finaliza.