Morte de advogado no Rio teve características de execução, afirma especialista
Sobrinho da vítima, que estava tinha ido buscar lanche com ele, só se salvou porque foi buscar catchup na hora do ataque
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se o advogado Rodrigo Marinho Crespo, de 42 anos, foi vítima de execução. Segundo testemunhas, ele havia ido lanchar com o sobrinho, que também é advogado, próximo ao escritório em que atua, no centro da capital fluminense, na tarde desta segunda-feira (26), quando um criminoso o chama pelo nome e atira contra ele.
Segundo o especialista em segurança pública José Ricardo Bandeira, o modo de atuação dos criminosos não deixa dúvidas de que houve execução. “O criminoso estava no banco de trás de um carro, ele já conhecia a rotina da vítima, ao desembarcar do veículo, com o rosto coberto, ele chama a vítima pelo nome e dispara uma quantidade elevada de tiros. Essa quantidade elevada de tiros, ela pode indicar um crime de ódio”, explicou Bandeira.
Imagens de câmeras de segurança que já estão em poder dos investigadores mostram que um veículo branco estaciona em fila dupla e fica esperando a vítima. Quando o advogado passa pelo local, um homem sai do carro e atira contra ele, na região do rosto e tórax. O criminoso ainda se aproxima e dispara mais vezes contra o homem, já caído no chão. Logo na sequência, volta para o carro e vai embora, sem levar pertences de Rodrigo. A ação dura pouco mais de dez segundos. Pessoas que passavam pela calçada se assustam com o crime e saem correndo.
O que não dá para ver nas imagens é que o sobrinho da vítima também teria sido atingido de raspão no braço, de acordo com testemunhas. O rapaz se salvou porque foi buscar catchup para colocar no lanche.
Ainda de acordo com Bandeira, perito em Criminologia e psicanálise forense, não foi somente uma morte encomendada, mas um crime que envolveu muito ódio, uma vez que o executor, pela quantidade de tiros, estimada em torno de 15, queria ter certeza de que a vítima não resistiria. “Não resta dúvida de que foi uma execução e o que a gente precisa averiguar agora é o que motivou essa execução, quem foi o executor, os cúmplices que também estavam no veículo e, logicamente, quem foi o mandante desse crime. Precisamos averiguar se existe algum envolvimento da atividade profissional dele como advogado, se isso influenciou de alguma forma, se causou algum atrito de alguma forma ou se foi, por exemplo, um crime passional, um envolvimento que ele poderia ter com outra pessoa. Então, a linha de investigação, sem dúvida alguma, será nesse sentido”, acredita o especialista.
Andamento das investigações
Na manhã desta terça-feira (27), policiais da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) foram até a sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB/RJ), que fica a 50 metros de onde o crime aconteceu. Eles pediram mais informações e tentaram buscar outros vídeos de câmeras que ajudem a identificar os responsáveis pelo crime.
A perícia foi realizada no local, ainda na segunda-feira (26). Além de analisar as câmeras, as equipes da DH, também já ouviram testemunhas para a autoria e tentar entender a motivação da morte do advogado.
O Disque Denúncia divulgou, também nesta terça-feira (27), um cartaz a fim de obter informações que levem à identificação e prisão dos envolvidos na morte do advogado.