Autoridade do Conselho de Segurança foi minada por impasses sobre Gaza e Ucrânia, diz secretário-geral da ONU
"O Conselho precisa de uma reforma séria em sua composição e em seus métodos de trabalho", afirmou António Guterres
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, lamentou nesta segunda-feira (26) o fato de o Conselho de Segurança da ONU não ter conseguido responder adequadamente ao conflito entre Israel e Hamas em Gaza e à invasão da Rússia na Ucrânia, dizendo que os conflitos tinham “talvez fatalmente” minado a sua autoridade.
Ao discursar na abertura do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, Guterres disse que o Conselho de Segurança da ONU frequentemente se encontrava em um impasse e “incapaz de agir nas questões de paz e segurança mais importantes de nosso tempo”.
“A falta de unidade do Conselho em relação à invasão da Ucrânia pela Rússia e às operações militares de Israel em Gaza, após os terríveis ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro, prejudicou gravemente – talvez fatalmente – sua autoridade”, afirmou ele.
“O Conselho precisa de uma reforma séria em sua composição e em seus métodos de trabalho.”
Na semana passada, os Estados Unidos vetaram novamente um projeto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, bloqueando a exigência de um cessar-fogo humanitário imediato na ofensiva de Israel contra Gaza.
Esse foi o terceiro veto dos EUA a um projeto de resolução desde o início dos atuais combates, em 7 de outubro.
Estima-se que 1,5 milhão de habitantes de Gaza estejam amontoados em barracas e outros abrigos improvisados na cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, a maioria deles tendo fugido de suas casas mais ao norte para escapar da ofensiva de Israel.
Guterres, que descreveu Rafah como o centro da operação de ajuda humanitária no enclave palestino, disse que um ataque israelense em grande escala teria consequências devastadoras.
“Uma ofensiva israelense total contra a cidade não seria apenas aterrorizante para mais de um milhão de civis palestinos que se abrigam lá; ela colocaria o último prego no caixão de nossos programas de ajuda.”
O fluxo de ajuda que entra em Gaza pelo Egito diminuiu, e o colapso da segurança tornou cada vez mais difícil a distribuição dos alimentos, de acordo com dados e autoridades da ONU.