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    Opinião: Putin realmente prefere Biden? Pergunte a Fidel Castro

    Líder russo é conhecido por fazer todos os tipos de jogos mentais

    Frida Ghitisda CNN

    O presidente russo, Vladimir Putin, fez algumas declarações intrigantes durante uma entrevista na televisão na quarta-feira (14) conduzida pelo jornalista Pavel Zarubin. Entre as declarações do líder russo, estava a afirmação que ele preferiria que o presidente Joe Biden vencesse as eleições presidenciais de 2024 nos EUA.

    As observações me fizeram lembrar de uma longa noite que passei em Havana, Cuba, ouvindo Fidel Castro explicar durante horas intermináveis ​​sobre todos os assuntos sob o sol que haiva desaparecido há muito tempo. Isso aconteceu pouco antes das eleições norte-americanas de 2000, quando o então vice-presidente Al Gore enfrentou o então governador do Texas, George W. Bush.

    Perguntei a Castro se havia um candidato que ele esperava que se tornasse o próximo presidente dos EUA. Ele riu por um momento e me disse que certamente tinha uma preferência. Mas depois explicou que não me diria porque, se Fidel dissesse quem preferia, isso só prejudicaria o seu candidato.

    A resposta de Putin foi baseada no mesmo cálculo?

    Em sua entrevista a Zarubin, Putin argumentou que Biden seria mais adequado para a Rússia “porque é uma pessoa mais experiente, é previsível [e] é um político de formação antiga”. A declaração é consistente com outros comentários que Putin fez sobre o atual presidente. Após a sua primeira cúpula em Genebra com Biden como presidente, em 2021, Putin emitiu uma nota semelhante. “Ele é um homem equilibrado e profissional, e está claro que é muito experiente”, disse Putin. “Parece-me que falávamos a mesma língua.”

    Decifrar Putin e os seus motivos é um desafio constante. O ex-agente da KGB é conhecido por jogar todos os tipos de jogos mentais. Lembrem-se de quando ele se encontrou com a ex-chanceler alemã Angela Merkel e, sabendo que ela tinha medo de cães, soltou o seu gigante labrador preto, para o terror corajosamente dissimulado de Merkel. Ele parecia extremamente satisfeito.

    Nesta última entrevista, Putin também fez alguns comentários eleitorais sobre outra suposta entrevista – mais um evento de propaganda – conduzida na semana passada pelo desonrado ex-apresentador da Fox News, Tucker Carlson. Carlson foi criticado nos EUA e na Europa não só pela sua entrevista considerada “padrão”, pelo seu fracasso em oferecer a menor resistência às falsidades de Putin, mas também porque de alguma forma evitou fazer perguntas sobre qualquer uma das controvérsias em torno de um líder russo que foi formalmente acusado de crimes de guerra.

    Se os americanos não estivessem satisfeitos, talvez Carlson esperasse que Putin ficasse impressionado. Mas na quarta-feira, o presidente russo agiu com desdém.

    “Sinceramente, pensei que [Carlson] seria agressivo e faria perguntas difíceis.” Putin disse que estava preparado para isso e que esperava por isso porque “me daria a oportunidade de responder de forma dura”. Mas Carlson “escolheu uma tática diferente”. Putin acrescentou que “não gostou” da entrevista.

    Os jogos psicológicos de Putin ficaram à mostra quando ele se sentou com Carlson. A certa altura, Putin o ridicularizou, sorrindo sarcasticamente ao notar que Carlson tentou se juntar à CIA, mas foi rejeitado. Talvez ele estivesse sinalizando que havia verificado os antecedentes de seu entrevistador; talvez ele estivesse tentando desequilibrá-lo. Fosse o que fosse, Carlson parecia perplexo, enquanto Putin parecia encantado.

    Se o presidente russo prefere Biden – que formou uma coalizão poderosa para reagir contra a Rússia em sua guerra contra a Ucrânia e chamou Putin de criminoso de guerra  – ou o ex-presidente Donald Trump, que elogia o líder russo e apenas disse que “daria” a Ucrânia a Putin, não parece muito difícil de decifrar.

    Castro não disse porque não queria azarar o seu candidato preferido. Putin pode estar tentando azarar aquele que deseja que perca.

     

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