Republicanos criticam Trump por ameaça de abandonar aliados da Otan
Ex-presidente dos EUA apontou que não gostaria de proteger os membros da Otan de um futuro ataque da Rússia se as contribuições desses países para a aliança de defesa estivessem atrasadas
Alguns colegas republicanos do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, o atacaram no domingo (11) por dizer que não gostaria de proteger os membros da Otan de um futuro ataque da Rússia se as contribuições desses países para a aliança de defesa estivessem atrasadas.
“É por isso que venho dizendo há muito tempo que ele não está apto para ser presidente dos Estados Unidos”, disse o ex-candidato presidencial republicano Chris Christie em entrevista ao programa “Meet the Press” da emissora americana NBC.
Durante um comício político no sábado na Carolina do Sul, Trump reclamou do que chamou de pagamentos “delinquentes” por parte de alguns países da aliança e relatou o que disse ser uma conversa passada com o chefe de “um grande país” sobre um ataque da Rússia a tais países.
“Não, eu não protegeria você. Na verdade, eu os encorajaria (a Rússia) a fazer o que quiserem. Você tem que pagar”, disse Trump ao líder não identificado.
Os comentários geraram repreensões da Casa Branca, que os chamou de “terríveis e desequilibrados”, bem como de outras altas autoridades ocidentais.
O fracasso de muitos dos 31 membros da Otan em cumprir a meta de gastos com defesa de pelo menos 2% do produto interno bruto (PIB) tem sido há muito tempo uma fonte de tensão com os Estados Unidos, cujas forças armadas constituem o núcleo do poder militar da aliança.
As estimativas da Otan mostram que apenas 11 membros estão gastando ao nível da meta.
A ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, que é a única desafiante restante de Trump à nomeação presidencial republicana de 2024, disse: “A última coisa que queremos fazer é ficar do lado da Rússia”.
Entrevistada no programa “Face the Nation” da CBS, ela acrescentou: “Não tome o lado de alguém que invadiu um país e meio milhão de pessoas morreram ou ficaram feridas por causa de Putin” em sua guerra contra a Ucrânia.
O senador republicano Lindsey Graham, um aliado próximo de Trump, disse à Reuters em uma breve entrevista que discordava “da maneira como ele (Trump) disse isso”, referindo-se aos comentários da Otan.
Graham acrescentou: “A Rússia não invadiu ninguém quando ele era presidente e se ele for presidente novamente, não o farão”.
O Politico noticiou que o senador republicano Thom Tillis culpou os assessores de Trump por não terem explicado ao ex-presidente que os Estados Unidos, como membro da Otan, estão empenhados em defender qualquer membro da aliança que seja atacado.
Também citou o senador republicano Rand Paul dizendo que os comentários de Trump foram “uma coisa estúpida de se dizer”.
Num dia em que o Senado realizava um raro fim de semana de debates sobre o pedido de ajuda emergencial do presidente Joe Biden para ajudar a Ucrânia a repelir um ataque russo de quase dois anos e Israel na sua guerra com o Hamas em Gaza, alguns republicanos defenderam Trump .
“Praticamente todos os presidentes americanos, em algum momento, de alguma forma, queixaram-se de que outros países da Otan não estão fazendo o suficiente. Trump é apenas o primeiro a expressar isso nestes termos. Mas não tenho qualquer preocupação, porque ele já foi presidente antes”, disse o senador Marco Rubio em entrevista à CNN.
Jason Miller, conselheiro sênior da campanha de Trump, em um comunicado evitou o comentário encorajando a Rússia a enfrentar alguns aliados da Otan, dizendo: “Os democratas e os adeptos da mídia parecem ter esquecido que tivemos quatro anos de paz e prosperidade sob o presidente Trump.”
No Capitólio, o senador democrata Peter Welch disse à Reuters: Trump “normaliza o comportamento beligerante. Mas na verdade ele está falando sério”.