Setor de serviços já tem segmentos com desemprego abaixo de índices pré-pandemia
No entanto, estudo divulgado pelo Ipea prevê crescimento mais moderado ao longo de 2022
Um estudo divulgado nesta terça-feira (21) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), autarquia vinculada ao Ministério da Economia, aponta que, apesar do contingente de 13,5 milhões de desocupados, o desemprego no país está em queda lenta e atingiu o menor índice desde o segundo trimestre de 2020.
A publicação mostra ainda que já há setores da economia nos quais a taxa é inferior à do terceiro trimestre de 2019, período pré-pandemia.
O estudo foi produzido a partir de dados da Pesquisa Nacional Amostras de Domicílios (PNAD) Contínua. Em análises dessazonalizadas, a taxa de desocupação do terceiro trimestre de 2021 ficou em 12,5%. A queda do desemprego, de acordo com os pesquisadores, ocorre em todas as regiões e em praticamente todos os segmentos etários e educacionais.
A justificativa para o fenômeno é uma expansão da população ocupada, de 11,4% no terceiro trimestre, em relação a 2020. Essa alta é justamente um dos motivos para as projeções de crescimento mais moderado para 2022, como aponta a economista Maria Andréia Parente Lameiras, da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac/Ipea).
“As projeções para 2022 são todas bem mais tímida, por diversas questões que passam por políticas cambiais e monetárias. Ninguém espera um crescimento desta magnitude no ano que vem. No entanto, o crescimento do emprego deve ocorrer sustentado, principalmente, no pelo avanço da retomada do setor de serviços”, avalia a pesquisadora.
As regiões Sul e Centro-Oeste foram as que apresentaram melhor recuperação de empregos e, no terceiro trimestre de 2021, já tinham, patamares de ocupação superiores às do mesmo período de 2019. Quando analisados pelo recorte de gênero, o estudo mostra que a queda de desocupação tem sido mais intensa entre os homens: recuou de 12,9% para 10,1%, e já está bem próximo do índice pré-pandemia, de 10%. Entre as mulheres, o desemprego passou de 17,5% para 15,9%.
Em uma análise por setores de atividades, o estudo percebeu que os segmentos com resultados melhores que os do ambiente pré-pandemia são os de serviços voltados para a empresa, e pessoais, focados em recreação e lazer.
Segundo a pesquisadora, o dado não retrata uma surpresa. “A pandemia afetou menos os homens. Com ela, não é que houve muitas demissões entre as mulheres. Em muitos casos, elas mesmas abriram mão do emprego no período, para poderem ficar em casa, cuidando das crianças e dos idosos. Essa parcela sofreu mais, então, vai se recuperando mais lentamente”, conclui.
A retomada mais acentuada se dá na informalidade, beneficiada pela retomada dos serviços, proporcionada pelo avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 e pela flexibilização das medidas restritivas. Proporcionalmente, as maiores taxas de desocupação foram encontradas em Pernambuco (19,3%), Bahia (18,3%), Alagoas (17,1%) e Sergipe (17%), todos estados do Nordeste.