Mauro Cid acessou vídeo de reunião ministerial após operação da PF
Computador do tenente-coronel foi apreendido pela PF anteriormente, mas acesso foi feito pela nuvem que armazena conteúdos
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), acessou a íntegra do vídeo da reunião ministerial de 5 de julho de 2022 após a Operação Tempus Veritati, da Polícia Federal (PF), que mirou o ex-presidente, militares e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na quinta-feira (8).
Embora tenha tido o computador apreendido pela PF, o acesso foi feito pela nuvem que armazena conteúdos, segundo relatos feitos à CNN por pessoas próximas ao militar.
A íntegra do vídeo foi disponibilizada nesta sexta-feira (9) pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A interlocutores, Cid relatou que não se lembrava de todos os trechos citados na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a operação da PF.
O militar alegou que se tratava de um vídeo oficial do governo, e não de uma gravação feita por ele para uso pessoal, apesar da gravação ter sido encontrada no computador dele.
Cid, segundo apurou a CNN, ainda se incomodou com o fato de ser apontado nas investigações como integrante em cinco dos seis núcleos que, de acordo com a PF, tramavam um golpe.
O tenente-coronel é citado como parte dos núcleos de desinformação e ataques ao sistema eleitoral; incitar militares a aderirem ao golpe de Estado; operacional de apoio às ações golpistas, jurídico e inteligência paralela.
O relatório da PF revela mensagens em que Cid repassa orientação a militares que também foram alvo da operação.
Em 11 de novembro de 2022, após a derrota de Bolsonaro nas urnas, Cid conversou com o major Rafael Martins sobre as manifestações. O major, preso nesta quinta-feira, pergunta se as Forças Armadas garantiriam a permanência de manifestantes em frente ao Congresso Nacional e STF. Cid responde que sim.
Em outro trecho destacado pela PF, Cid pede uma estimativa o custo de trazer pessoas para participar de um ato em Brasília.
De acordo com relatos à CNN, Cid disse que não chegou a prestar esclarecimentos à Polícia Federal sobre essas mensagens extraídas de seu celular. Desde a delação, o militar não prestou novos depoimentos. Ele deve ser intimado novamente a depor.
Procurada, a defesa do ex-ajudante de ordens informou que pediu acesso aos autos para se manifestar.