Em reunião com Bolsonaro, Torres cita exemplo boliviano e diz que ministros poderiam ter problemas
De acordo com ex-ministro da Justiça, desdobramentos no país vizinho poderiam ocorrer em caso de grave crise política no Brasil
Durante reunião da alta cúpula do governo federal em 5 de julho de 2022, Anderson Torres – então ministro da Justiça -, mencionou o ocorrido com Jeanine Añez, ex-presidente da Bolívia, que foi condenada a 10 anos de prisão por articular um golpe de Estado que a levou ao poder em 2019.
De acordo com Torres, o episódio no país vizinho era “um grande exemplo” do que poderia ocorrer em caso de grave crise política.
“Eu quero começar, presidente, com uma frase que o senhor colocou aí. [Para] muitos aqui, é a primeira [vez] que participam dessa reunião. Tem muitos aqui que eu não sei nem se tem estrutura para ouvir o que a gente está falando aqui, com todo respeito a todos. Mas eu queria começar com uma frase que a gente colocou aqui que eu acho muito verdadeira e o exemplo da Bolívia é um grande exemplo para todos nós. Senhores, todos vão se f*der! Eu quero deixar bem claro isso. Porque se, eu não estou dizendo que, eu quero que cada um pense no que pode fazer previamente porque todos vão se f*der. Eu não tenho dúvida disso“, expressou Torres.
Bolsonaro se comparou à ex-presidente da Bolívia
Em viagem aos Estados Unidos em 11 de julho de 2022 – um dia após a condenação de Jeanine Añez -, Bolsonaro fez críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e comparou sua situação a da ex-presidente boliviana.
“O Alexandre de Moraes prendeu um deputado [Daniel Silveira] por oito meses por falar besteira. O deputado tem uma arma no artigo 53 da Constituição, que diz que os deputados e os demais senadores são invioláveis civil e penalmente. Eu dei o indulto a esse parlamentar. E esse cara [Alexandre de Moraes] continua perseguindo o parlamentar.”
“O que aconteceu um ano atrás? Ela [Jeanine Añez] foi presa preventivamente. E agora foi confirmado, né? Dez anos de cadeia para ela. Qual a acusação? Atos antidemocráticos. Alguém faz alguma correlação com o Alexandre de Moraes?”, questionou Bolsonaro.