Moscou chama novo chefe do Exército da Ucrânia, nascido na Rússia, de traidor
Kremlin afirmou que nomeação não alteraria o resultado do que a Rússia chama de sua operação militar especial
A autoridade sênior de segurança da Rússia Dmitry Medvedev disse nesta sexta-feira (9) que o novo chefe do Exército ucraniano, nascido na Rússia, é um traidor, enquanto o Kremlin afirmou que a nomeação não alteraria o resultado do que a Rússia chama de sua operação militar especial na Ucrânia.
As autoridades russas comentaram depois que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, substituiu o popular chefe do Exército de seu país por seu comandante das forças terrestres na quinta-feira (8), uma grande aposta em um momento em que as forças russas estão ganhando vantagem, em quase dois anos de guerra.
Zelensky substituiu o general Valeriy Zaluzhnyi, comandante de saída das Forças Armadas do país, pelo coronel-general Oleksandr Syrskyi, de 58 anos.
Syrskyi nasceu em julho de 1965 na região de Vladimir, na Rússia, que na época fazia parte da União Soviética. Como muitas pessoas de sua idade nas Forças Armadas da Ucrânia, ele estudou em Moscou – na Escola Superior de Comando Militar – entre colegas que, desde então, se tornaram comandantes russos.
Ele serviu por cinco anos no Corpo de Artilharia Soviético e vive na Ucrânia desde a década de 1980.
Dmitry Medvedev, ex-presidente que agora é vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, acusou Syrskyi, que não serviu no Exército da Rússia pós-soviética, de violar seu juramento como oficial.
“Olhando para a biografia do novo comandante-em-chefe das Forças Armadas ucranianas, Syrskyi, sente-se uma sensação de ódio, desprezo e repulsa”, escreveu Medvedev em seu canal oficial do Telegram.
“Nojo de um homem que era um oficial russo soviético, mas que se tornou um traidor de Bandera, que quebrou seu juramento e serviu aos nazistas, destruindo seus entes queridos. Que a terra arda sob seus pés!”, disse Medvedev.
“Bandera” é uma referência a Stepan Bandera, um nacionalista ucraniano da época da Segunda Guerra Mundial que colaborou com a Alemanha nazista para lutar contra o Exército Vermelho. Ele é considerado um combatente da liberdade por alguns ucranianos, mas um traidor por muitos russos.
Separadamente, o Kremlin disse não acreditar que uma mudança no topo da liderança militar da Ucrânia alteraria o resultado do conflito.
Em uma ligação com os repórteres, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse: “Não acreditamos que esses sejam fatores que possam mudar o curso da operação militar especial”, usando o termo preferido de Moscou para sua campanha na Ucrânia.