“Orem pelo Brasil e por mim”, disse almirante após ser alvo de operação da PF
Almir Garnier é investigado por suposta participação em movimento golpista
Um dos alvos da operação da Polícia Federal (PF) contra Jair Bolsonaro (PL) e aliados do ex-presidente, o almirante Almir Garnier compartilhou uma mensagem em grupos e com amigos e familiares pedindo orações para ele e para o Brasil.
Segundo o almirante, os agentes da PF levaram telefone e “papéis de projetos”.
“Fui acordado em minha casa hoje, às 6h15, pela Polícia Federal. Estando acompanhado apenas do Espírito Santo, em virtude de viagem da minha esposa”, escreveu Garnier. “Levaram meu telefone e papéis de projetos que venho buscando atuar na iniciativa privada. Peço a todos que orem pelo Brasil e por mim. Continuamos juntos na fé, buscando sempre fazer o que é certo, em nome de Jesus”.
A operação da PF — chamada Tempus Veritatis — investiga organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito para manter o ex-presidente no poder após a derrota nas eleições de 2022.
O almirante, ex-comandante da Marinha, teria visto uma minuta golpista e apoiado a ideia de uma tentativa de derrubar a democracia no Brasil. A informação foi dada à PF pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Quem é Almir Garnier?
O carioca Almir Garnier, de 63 anos, ingressou na Escola Naval em 1978, iniciando sua carreira na Marinha. Nos anos 1980, serviu a bordo de navios da Esquadra brasileira. A partir de 1991, fez mestrado em uma escola da Marinha dos EUA e, ao retornar, serviu em funções técnicas por cerca de dez anos.
Garnier trabalhou por mais de dois anos e meio como “assessor especial militar” no Ministério da Defesa durante os governos da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente Michel Temer (MDB), tendo servido aos ministros Celso Amorim (jun./2014 – dez./2014), Jaques Wagner (jan./2015 – out./2015), Aldo Rebelo (out./2015 – mai./2016) e Raul Jungmann (mai./2016 – nov./2018).
Com a posse do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2019, o almirante Almir Garnier assumiu o cargo de secretário-geral do Ministério da Defesa, órgão do Ministério considerado “o principal ponto de interlocução com os demais órgãos públicos”.
Em 31 de março de 2021, foi indicado por Bolsonaro para assumir o cargo de comandante da Marinha. Em maio de 2022, cinco meses antes das eleições, Garnier questionou a segurança das urnas eletrônicas e defendeu uma auditoria privada, em entrevista ao jornal O Povo.
“Como comandante da Marinha, eu quero que os brasileiros tenham certeza de que o voto deles vai valer, de que quem eles colocarem na urna vai ser contado e quem eles escolherem de uma forma limpa, transparente, como demanda a Constituição Federal e as leis nacionais, serão validados”, disse o então comandante da Marinha.
*Com informações de Elijonas Maia, da CNN