No PT, cantoria ao telefone e frases como “a espera acabou” e “a casa caiu”
Após abrir o dia com cautela, petistas embarcam em comemorações nos bastidores sobre operação da PF contra Bolsonaro e aliados
A cúpula nacional do PT amanheceu em tom cauteloso nesta quinta-feira, com o noticiário sobre a operação da Polícia Federal que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro e vários de seus aliados. Num primeiro momento, segundo relatos feitos por petistas à CNN, havia alguma apreensão e certa preocupação com a força e o alcance das buscas. Mas demorou muito para que as comemorações viessem à tona.
No fim da manhã, já com acesso a trechos da decisão do ministro Alexandre de Moraes, o cuidado para não “sapatear” foi substituído até por cantoria. “Sapateia no tijolo, ô pião”, arranhou um petista ao telefone em conversa com a CNN, ao discorrer sobre a consistência da investigação.
Um petista próximo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou que até houve alguma apreensão logo cedo. “Mas com o passar das horas a gente entendeu que a espera finalmente acabou”, emendou.
O aliado do presidente discorreu sobre o rigor da investigação e sobre o fato de, à primeira vista, ter sido determinada a prisão apenas daqueles contra os quais a Polícia Federal tinha indícios claros que sustentassem uma medida nessa direção.
“No caso do Bolsonaro, ficou evidente que há um cuidado para não avançar o sinal. A ordem é reter o passaporte. É um aviso: a casa caiu e não dá para fugir”, disse um petista com bom trânsito no Palácio do Planalto.
Como muitos dirigentes do PT pretendem viajar no carnaval, as conversas para fazer um diagnóstico da operação foram feitas por telefone ou por Whatsapp. Nas redes sociais, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, puxou o coro das comemorações.
“O tempo da verdade chegou: Jair Bolsonaro comandou uma tentativa de golpe contra Lula e contra a Democracia, em articulação com seus cúmplices civis e militares, inclusive ex-ministros e altas patentes.
Não é perseguição, é a conclusão de um detalhado inquérito da Polícia Federal sob supervisão do Supremo Tribunal Federal, que desvendou a trama e seus novelos sujos”, escreveu Gleisi. “O tempo agora é de julgar e punir exemplarmente os comandantes do golpe, a começar pelo chefe inelegível, sob as regras do estado democrático de direito que eles tentaram destruir.”