Crise dos semicondutores afeta 70% das indústrias eletroeletrônicas do país
Essa é a proporção de empresas do segmento que relatam dificuldade para compra dos componentes
Com a crise mundial de produção de microchips, conhecidos como semicondutores, as indústrias eletroeletrônicas enfrentaram dificuldades para adquirir o produto. Um levantamento feito pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abnee) apontou que 70% das empresas do setor que utilizam os componentes enfrentam o problema. Em algumas delas, a falta do insumo tem provocado atraso nas entregas e até mesmo paralisação parcial nas linhas de produção.
Os semicondutores foram os produtos mais importados pelo segmento em 2021, com crescimento de 23% em relação ao ano passado. Quase 40% das empresas ouvidas pela associação preveem que o abastecimento do componente só deve voltar à normalidade no segundo semestre de 2022.
Além disso, as empresas também estão sentindo impactos logísticos decorrentes da pandemia. Estão entre eles: aumentos expressivos nos preços dos fretes, dificuldade na reserva de contêineres, atrasos no recebimento de cargas, elevação nos custos de armazenamento de cargas em galpão, entre outros.
A instituição destaca que essas dificuldades estão gerando pressões acima do normal nos custos de componentes e matérias-primas, fatores que inibem a atividade econômica.
Apesar das dificuldades, a indústria eletrônica encerra o ano de 2021 com faturamento de R$ 214,2 bilhões, com crescimento real de 7% na comparação com 2020. Isto é, descontada a inflação do período. Este resultado também é 6% maior do que o obtido em 2019, segundo a Abinee.
No início do mês, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projetou que as montadoras instaladas no país devem produzir em dezembro um volume menor de veículos que em novembro. O setor automotivo teve em 2021 o pior novembro em vendas desde 2005.
PEC que garante incentivos à indústria de TI
Na última quinta-feira (9), o Senado aprovou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que blinda os setores industriais de tecnologia da informação e semicondutores de perderem incentivos fiscais no país. A proposição já tinha passado antes pela Câmara dos Deputados e, assim, aguarda sanção presidencial.
Como determina a PEC, o governo encaminhou um projeto de redução dos incentivos fiscais neste ano, mas, de acordo com especialistas, insuficiente para reduzir as renúncias pela metade, como determina a Constituição. O Congresso Nacional ainda não analisou a proposta.
*Sob supervisão de Stéfano Salles