Banco do Japão mantém juros, mas começa a retirar medidas emergenciais
Com Ômicron, BoJ também decidiu por estender, até setembro, parte de programa de apoio a empresas menores afetadas pela pandemia
O Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) decidiu nesta sexta-feira (17), por 8 votos a 1, manter sua política monetária, com a taxa de depósito em -0,1% ao ano e a meta de juros do título público (JBG) de 10 anos em torno de 0%, sem estabelecer limites de compras de ativos para chegar a esse objetivo.
Apesar da manutenção da política monetária, o BoJ anunciou que vai encerrar, em março de 2022, as compras emergenciais de commercial paper e bônus corporativos.
Atualmente com limite de 20 trilhões de ienes, o valor desses papéis em carteira cairá para cerca de 5 trilhões de ienes (US$ 43,97 bilhões) a partir de abril, em retorno gradativo ao patamar pré-pandemia.
Em meio à incerteza sobre o surgimento da variante Ômicron, o BoJ também decidiu estender, até setembro de 2022, uma parte de seu programa de empréstimos especiais para apoiar empresas menores afetadas pela pandemia.
“A economia do Japão vem em tendência de crescimento, embora tenha permanecido em uma situação grave devido ao impacto interno e externo da covid-19”, disse o BoJ no comunicado da decisão. “As exportações e a produção industrial continuaram em tendência de alta, embora permaneçam fracas devido aos efeitos das restrições do lado da oferta.”
Ao determinar o prazo para o encerramento das compras emergenciais de commercial paper e bônus, o BoJ se junta a outros bancos centrais na redução de estímulos de emergência relacionados à covid-19.
Na quinta-feira (16), o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) se tornou o primeiro país rico a aumentar sua taxa básica de juros desde o início da pandemia, enquanto o Banco Central Europeu (BCE) disse que eliminaria um programa emergencial de compra de títulos.
O presidente do Banco do BoJ, Haruhiko Kuroda, procurou se distanciar de outros bancos centrais – incluindo o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) – que estão apertando sua política monetária em meio a pressões inflacionárias.
“Embora possa haver riscos de alta, é fraca a possibilidade de que a inflação atinja ou ultrapasse 2% no Japão, como aconteceu nos EUA e na Europa”, disse Kuroda nesta sexta, em coletiva de imprensa que se seguiu ao anúncio de política monetária do BC japonês.
“Não acho que o BoJ irá se mobilizar no sentido de apertar a política monetária, como nos EUA e na Europa”, acrescentou.
Em outubro, os preços ao consumidor no Japão tiveram alta de apenas 0,1% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto os dos EUA atingiram em novembro o maior nível em 39 anos.
Na coletiva, Kuroda disse ainda que o BoJ continuará relaxando sua política até atingir sua meta oficial de inflação, de 2%.