Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Campos Neto: diante de revisões, aperto monetário deve avançar significativamente

    Presidente do BC afirma que momento é apropriado para que o ciclo de aperto monetário avance em território contracionista

    Fabrício Juliãodo CNN Brasil Business , em São Paulo

    O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, acredita a piora das expectativas sobre a economia brasileira e a inflação devem resultar em um avanço do aperto monetário no Brasil.

    Conforme o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado na manhã desta quinta-feira (16), instituição revisou sua projeção para o crescimento econômico brasileiro em 2022 para 1%, contra 2,1% da estimativa anterior.

    No documento, o BC também ajustou a perspectiva de expansão para o Produto Interno Bruto (PIB) para uma alta de 4,4% neste ano, ante estimativa de 4,7% calculada em setembro.

    “O Copom considera que, diante do aumento de suas projeções, e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário avance significativamente em território contracionista”, afirmou Campos Neto em coletiva de imprensa após a divulgação do documento.

    Campos Neto voltou a falar que prevê um aumento 1,5 ponto na Selic — taxa básica de juros — na próxima reunião do Copom. O BC já havia sinalizado para este plano na última reunião, na semana passada, quando subiu em 1,5 ponto a Selic.

    “O comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide, não somente o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, declarou.

    “Os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para horizontes relevantes da política monetária”, acrescentou.

    Inicialmente com meta da inflação prevista para 2022, o Banco Central estabeleceu uma meta em “horizonte relevante”, que inclui também uma perspectiva para o ano de 2023.

    Segundo Campos Neto, a estratégia que vem sendo adotada pela entidade monetária brasileira é compatível com a convergência da inflação para as metas dos próximos dois anos.

    “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica a suavização das flutuações do nível das atividades econômicas e o fomento do pleno emprego”, afirmou.

    Decisão do Fed

    Campos Neto disse ainda que a mudança de posicionamento de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) não afeta muito a estratégia do órgão brasileiro. Campos Neto lembrou que parte dos BCs tinha a premissa de que a inflação era uma questão transitória, com causas ligadas à oferta, mas argumentou que os números não corroboram isso, como vem defendendo há alguns meses. “O Fed vem assumindo que a inflação é mais persistente e com componente de demanda.”

    Ele destacou que, após a decisão do Fed na quarta-feira, as altas precificadas na curva de juros americana foram antecipadas, mas avaliou que a reação do mercado foi relativamente benigna.

    “O BC saiu na frente, fez um movimento de ajuste de taxas, olhando muito que parte da inflação era mais persistente. Então, acho que não muda muito em termos do que vamos fazer. Mas depende de quão coordenado o ajuste de juros no mundo vai ser. O que é importante é se vamos ter um ajuste na renda fixa organizado ou não organizado e o que significa para fluxo para mercados emergentes e para o Brasil.”

    Campos Neto ainda repetiu que, na avaliação do BC, o aumento do prêmio de risco recente está relacionado, em parte, às questões fiscais no curto prazo, mas também a uma percepção do mercado de crescimento estrutural mais baixo, o que tem implicações para a trajetória das contas públicas.

    Estagflação

    Questionado sobre a possibilidade de um cenário de estagflação para 2022, o presidente do Banco Central respondeu que a ancoragem das expectativas inflação é o elemento mais importante para estabilizar crescimento de longo prazo e a parte fiscal. O BC reduziu sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022, de 2,1% para 1,00%.

    “Entendemos que vamos passar por um processo com elevação de juros e crescimento da atividade na margem que não é muito elevado. Mas se processo for feito com credibilidade e transparência, é melhor remédio para maximizar possibilidades de crescimento futuro”, afirmou Campos Neto, em coletiva sobre o RTI.

    Na mesma coletiva, Fabio Kanczuk, avaliou que a projeção do BC para o PIB de 2022 não é otimista, mas “adequada”. “Nosso cenário não é de recessão, é de crescimento baixo, mas positivo.”

    *Com Estadão Conteúdo

    Tópicos