Saiba quais são os riscos e oportunidades no mercado financeiro em 2022
Analistas acreditam que investimentos no exterior, commodities, diversificação na carteira e setor de infraestrutura são as melhores opções
“Começar o ano com o pé direito”. Talvez esse seja um dos mantras mais seguidos pelo mundo na virada do ano. Já que 2021 foi marcado por turbulências no cenário econômico e fiscal, o que trouxe volatilidade anual de 21,06% para o Ibovespa.
Contudo, segundo especialistas entrevistados pelo CNN Brasil Business, o aperto nas condições monetárias e as eleições podem deixar o mercado ainda mais instável. “Mas existem soluções para superar todos os desafios que se acumulam no horizonte de 2022”, dizem Betina Roxo e Paula Zogbi, analistas da Rico.
Dois índices macroeconômicos que seguirão assustando o mercado no começo do próximo ano são: a alta da inflação e a taxa Selic, mecanismo usado pelo Banco Central para controlar o IPCA.
Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo estava a 0,95%, em novembro, e 10,74%, no acumulado do ano, a taxa básica de juros foi definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) a 9,25%, um crescimento de 1,5 ponto percentual. Ambos os dados são conhecidos por impulsionar a migração dos investidores da renda variável para renda fixa.
Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude, ou seja, a taxa de juros a 10,75%. “Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, a economia desacelera, e os preços passam a subir mais lentamente”, explicam as analistas da Rico.
Cenário político e macro
Contudo, Eduardo Cavalheiro, economista e gestor da Rio Verde Investimentos, diz que, ao longo de 2022, a expectativa é uma redução da inflação para o patamar dos 5% no ano. “A velocidade que isso ocorrer permitirá com que tenhamos taxas de juros maiores ou menores e impactos na atividade mais intensos ou menos intensos”, afirma.
No último boletim Focus do ano, divulgado na segunda-feira 27 de dezembro, a estimativa do IPCA para 2022 foi mantida pelo Banco Central em 5,03%.
A definição eleitoral no final de 2022 também terá um peso importante no fechamento dos preços dos ativos. O primeiro turno ocorrerá em 2 de outubro e o segundo turno para presidente e governador acontecerá em 30 de outubro.
“A vitória de um projeto político que agrade aos agentes econômicos deve gerar uma antecipação favorável dos benefícios econômicos esperados para os quatro anos de mandato do futuro presidente”, acredita Cavalheiro.
Uma pesquisa realizada pela XP com 91 investidores institucionais (grandes bancos e gestoras) aponta como o mercado espera que o Ibovespa opere caso cada um dos pré-candidatos à Presidência ganhe a eleição.
“O importante é não se deixar levar pelo movimento de manada e pânico nos mercados”, afirmam Betina e Paula. “Tentar acertar o resultado das eleições e posicionar os investimentos para ganhar com isso – o chamado “trade eleitoral” no mercado -, não é uma prática que defendemos. [Nós] preferimos atravessar esse tipo de momento “pianinho”, sem muitas movimentações.”
Possíveis oportunidades
Assim, diante de todos os riscos, o gestor da Rio Verde Investimentos, declara que os investidores devem iniciar o ano com uma abordagem mais conservadora, “buscando investir em empresas com modelos de negócios sólidos e muito resilientes, com fluxo de caixas previsíveis e pouco afetados por mudanças de cenários”.
Ele aponta companhias do setor de infraestrutura (energia elétrica, portos, rodovias, ferrovias), seguradoras e alguns segmentos do setor de saúde.
Em um segundo momento, “dependendo da evolução do cenário político e econômico, deve ser avaliada a oportunidade de diversificação para setores mais afetados pela conjuntura, como são os casos dos segmentos de varejo, tecnologia e de indústrias”, comenta Cavalheiro.
Por outro lado, Paula preza por uma estratégia de diversificação. Ela também acredita que 2022 será o momento para ter aplicações em setores que se protegem de situações adversas. “Renda fixa indexada ao IPCA e empresas que conseguem repassar os preços em alta contra a inflação”, diz.
Pensando na situação fiscal, ela defende investimentos fora do país como BDRs (Brazilian Depositary Receipt), certificados lastreados em ações no exterior, e ETFs (Exchange Trade Fund), produto que tem sua performance referenciada em índices.
Fora isso, a analista da Rico também tem outras três teses para 2022: commodities; empresas que são uma boa proteção contra a inflação e alta do dólar; história de crescimento, companhias que estão crescendo vertiginosamente sem depender do cenário macro-econômico; e fortes quedas recentes; papéis que tendem a se beneficiar com o avanço da vacinação, como bancos e shoppings.
Segundo o levantamento do Economatica, realizado por Einar Rivero, o Banco Pan foi a instituição financeira que mais valorizou entre 30 de dezembro de 2020 e 07 de dezembro de 2021, com alta de 30,48%. E a unit do Banco Inter ficou em segundo lugar com valorização de 14,08%.
Vale destacar que o Brasil atingiu 75% da população vacinada com ao menos uma dose, em 12 de dezembro. Segundo o Ministério da Saúde, os números mostram que a “vacinação é o melhor caminho para conter a pandemia do coronavírus”.
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