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    Sobe para 75 o número de mortos após explosão de caminhão de gasolina no Haiti

    Impacto da explosão foi agravado porque moradores armazenavam combustíveis em casa diante de escassez

    Gessika ThomasBrian Ellsworthda Reuters

    O número de mortos na explosão de um caminhão de combustível no Haiti subiu para 75 nesta quarta-feira (15), enquanto os médicos se esforçavam para tratar os feridos em um incidente que, segundo as autoridades, foi agravado pelos residentes que se aproximaram do veículo em uma busca desesperada por combustível.

    Equipes de resgate recuperaram 61 corpos no local do acidente, que ocorreu na noite de segunda-feira na segunda maior cidade do Haiti, Cap-Haitien (Cabo Haitiano, em tradução livre), enquanto um diretor do principal hospital da cidade disse que mais 14 pessoas morreram enquanto estavam sendo tratadas.

    “Precisamos de toda a ajuda que pudermos obter. O hospital não está acostumado a ter tantos feridos”, disse Jean Gracia Coq, diretora médica do Hospital Universitário Justinien.

    “A escassez tem feito com que as pessoas baixem a guarda e não tomem os cuidados que deveriam ser tomados em relação ao combustível”.

    Pacientes com queimaduras em até 50% de seus corpos estavam na varanda do hospital devido à falta de espaço dentro das instalações, disse Gracia Coq. A médica também disse que o hospital está acostumado a tratar vítimas de queimaduras em explosões em residências em incidentes que envolveram até 20 pessoas.

    Mas a grande explosão da noite de segunda-feira queimou as fachadas de várias casas e lojas próximas, além de destruir carros e motocicletas nas ruas.

    Uma testemunha disse à Reuters que o caminhão de combustível capotou depois que seu motorista tentou evitar bater em uma motocicleta.

    Equipes de resgate concluíram a busca na área, disse Frandy Jean, que chefia o corpo de bombeiros do Haiti para a região norte.

    O impacto da explosão foi agravado porque os moradores estavam armazenando combustível em suas casas e porque alguns se aproximaram do caminhão quando ele capotou. “O motorista alertou as pessoas para não se aproximarem do caminhão”, disse Jean à Reuters. “Eles não ouviram. Levavam seus telefones, que usavam (como lanternas), e alguns tentaram perfurar o tanque com martelos.”

    A tragédia gerou um lamento emotivo do Papa Francisco e uma chamada para oração pela nação caribenha, que este ano sofreu uma onda brutal de violência de gangues, um assassinato presidencial e um terremoto devastador.

    O primeiro-ministro Ariel Henry visitou na terça-feira o principal hospital de Cap-Haitien para se encontrar com as vítimas. Ele prometeu liberar fundos do governo em resposta à tragédia e disse que o falecido seria enterrado em um funeral oficial do estado.

    Quarta-feira marcou o primeiro de três dias de luto nacional pelas vítimas.

    O Haiti sofreu uma terrível escassez de combustível por quase um mês, começando em outubro, quando uma coalizão de gangues bloqueou o acesso aos terminais de combustível, forçando o fechamento parcial ou total de algumas empresas e hospitais.

    As gangues levantaram o bloqueio no mês passado, mas muitos haitianos dizem que ainda lutam para encontrar combustível.

    As gangues ficaram mais poderosas desde o assassinato do presidente Jovenel Moise em julho, o que criou um vácuo político e permitiu que grupos criminosos expandissem seu território.

    O Haiti também sofreu um terremoto devastador em agosto que matou mais de 2.000 pessoas e destruiu casas na península meridional do país.

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