O que você precisa saber sobre as eleições presidenciais dos EUA de 2024
Veja quem são os candidatos na corrida eleitoral deste ano e entenda as principais questões que ganharão o voto dos eleitores americanos
A eleição presidencial dos EUA de 2024 promete ser como nenhuma outra nos tempos modernos.
O presidente Donald Trump, que enfrenta uma série de acusações criminais federais e estaduais relacionadas aos seus esforços para reverter sua derrota nas eleições de 2020 para o democrata Joe Biden, está prestes a conquistar a indicação republicana.
Biden, o atual presidente, é o provável candidato democrata. Aos 81 anos, ele seria o americano mais velho a vencer uma eleição presidencial, caso conquiste um segundo mandato de quatro anos em novembro de 2024.
Quem são os candidatos republicanos que concorrem à presidência dos EUA em 2024?
Trump, 77 anos, dominou o campo republicano, que evitou criticá-lo por suas ações relacionadas às eleições de 2020, por medo de alienar sua base de apoiadores obstinados. Muitos desses apoiadores acreditam nas falsas alegações de Trump de que a eleição foi roubada.
Sua rival republicana que permance na corrida, a ex-embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, argumentou que os problemas legais de Trump o prejudicarão em um confronto eleitoral geral contra Biden e que ela teria um desempenho melhor.
Haley ganhou algum impulso após fortes participações no debate. Mas ela terminou em terceiro lugar em Iowa e 11 pontos percentuais atrás de Trump nas primárias de New Hampshire, o que sugere que ela não tem apelo amplo dentro do partido.
As pesquisas nacionais mostram que Trump tem uma vantagem sobre Biden em um confronto direto, com os eleitores preocupados com a idade de Biden, sua forma de lidar com a economia e o aumento de imigrantes que cruzam ilegalmente a fronteira sul dos EUA, apesar do crescimento do emprego, do investimento em infraestrutura e uma lenta redução da inflação após o pico do ano passado.
Trump enfrenta acusações em quatro casos em tribunais federais e estaduais por seus esforços para minar as eleições de 2020, pelo manuseio incorreto de documentos confidenciais e por seu envolvimento em um esquema de “comprar o silêncio” envolvendo uma estrela pornô.
Ele manteve que é inocente e argumentou que é vítima de processos por motivação política, uma afirmação negada pela administração Biden e outros promotores. Os calendários legais para esses casos representam obstáculos à eficiência da campanha de Trump.
Em 19 de dezembro, a Suprema Corte do Colorado decidiu que Trump está proibido de comparecer às eleições primárias republicanas estaduais porque se envolveu em uma insurreição, violando a 14ª Emenda da Constituição dos EUA.
A decisão se aplica apenas ao Colorado, mas pode abrir um precedente e encorajar outros tribunais estaduais a seguirem pelo mesmo caminho. A Suprema Corte dos EUA concordou ouviu o apelo de Trump e, agora, delibera uma decisão.
Quem são os democratas concorrendo à presidência?
Mesmo sem o entusiasmo dos eleitores, os líderes democratas e os principais doadores apoiam Biden e a sua vice-presidente, Kamala Harris.
Dean Phillips, um congressista americano pouco conhecido de Minnesota, anunciou em outubro que desafiaria Biden porque não acredita que o presidente possa ganhar outro mandato. A autora e palestrante de autoajuda Marianne Williamson também estava concorrendo contra Biden, mas no início de fevereiro anunciou que deixava a disputa.
A proposta do presidente para um segundo mandato está baseada na sua gestão da economia à medida que o assunto veio à tona durante a pandemia da Covid-19 e no que ele chama de “batalha pela alma da América”, uma luta contra os republicanos alinhados a Trump.
Sob Biden, a taxa de desemprego atingiu níveis baixos, o produto interno bruto (PIB) cresceu mais rápido que o esperado e os salários aumentaram. No entanto, a inflação disparou no ano passado e, embora tenha diminuído nos últimos meses, os eleitores continuam preocupados com o elevado preço de produtos básicos como alimentos, combustível, automóveis e habitação.
Caso Trump seja o candidato republicano, grande parte da campanha de Biden provavelmente se concentrará em alertar os eleitores de que Trump representa uma ameaça mortal à democracia americana.
Quem mais está concorrendo?
Robert F. Kennedy Jr., descendente da famosa família política americana e ativista antivacinas, lançou uma candidatura independente em vez de desafiar Biden pela nomeação democrata. Republicanos e democratas, pouco entusiasmados para outro confronto Biden-Trump, demonstraram algum interesse em Kennedy.
O ativista progressista Cornel West também disse que concorrerá como independente, e a ex-candidata presidencial Jill Stein disse que vai buscar a indicação do Partido Verde. O desafio para esses candidatos será reunir apoio suficiente para chegar às urnas em todos os 50 estados.
Quando são realizadas as primárias de 2024?
Os republicanos realizaram a primeira prévia em 15 de janeiro em Iowa, seguidas pelas primárias de New Hampshire em 23 de janeiro. Trump venceu ambas as disputas.
A Carolina do Sul realizará as primárias republicanas em 24 de fevereiro, seguida pelo Michigan. A Superterça acontece em 5 de março, quando 15 estados, incluindo Califórnia e Texas, e um território realizarão primárias e prévias. Cerca de 36% de todos os delegados republicanos serão direcionados.
As primeiras primárias democratas aconteceram no sábado (3), também na Carolina do Sul, e Biden venceu com folga, permanecendo no caminho certo para a indicação.
No final das primárias, cada partido vai nomear o candidato que receber mais delegados durante as convenções nacionais Republicanas e Democratas, que acontecerão no verão de 2024. Os republicanos realizarão a sua convenção em Milwaukee, no Wisconsin, enquanto os democratas realizarão a sua em Chicago.
As eleições gerais serão realizadas em 5 de novembro de 2024.
Quais são as principais questões?
Aborto: Os democratas planejam tornar o aborto um tema central em sua campanha de 2024, com pesquisas de opinião mostrando que a maioria dos americanos não é a favor de limites restritivos aos direitos reprodutivos. A questão se tornou mais motivadora para aqueles que apoiam o direito ao aborto do que para aqueles que se opõem a eles, e o partido espera que as ameaças a esses direitos encorajem milhões de mulheres e independentes a votarem a seu favor no próximo ano.
A questão dividiu os republicanos, com alguns líderes preocupados que o partido tenha ido longe demais com as restrições em nível estadual desde que a Suprema Corte dos EUA anulou, no ano passado, a decisão histórica do caso Roe vs Wade de 1973, encerrando a proteção constitucional ao aborto.
Economia: O governo Biden está tentando tranquilizar os americanos de que a economia está boa, com a inflação caindo e o desemprego nos níveis mais baixos em 50 anos.
Os republicanos dizem que vão cortar os gastos federais, que culpam por alimentar a inflação e desencadear os picos nos preços ao consumidor, reduzir as regulamentações federais e reduzir os impostos.
Os democratas argumentam que a economia está saudável, os salários estão em alta e os investimentos em infraestruturas estão produzindo ganhos de emprego a longo prazo.
Os eleitores continuam não convencidos. Uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada em janeiro descobriu que dois terços dos entrevistados, e 47% dos democratas, acreditam que o país está no “caminho errado”.
Imigração: desde que assumiu o cargo em 2021, Biden tem lutado com um número recorde de imigrantes cruzando ilegalmente a fronteira entre os EUA e o México, esgotando os recursos na região e nas cidades para onde os imigrantes foram, como Nova York e Chicago.
Os candidatos republicanos, incluindo Trump, culparam Biden por reverter políticas mais restritivas da era Trump e prometeram reforçar a segurança nas fronteiras.
Alguns democratas criticaram Biden por recorrer a medidas de fiscalização ao estilo de Trump para reduzir as travessias ilegais, enquanto a Casa Branca afirma que está avançando para um sistema mais humano e ordenado, oferecendo novas formas de entrada legal de imigrantes.
Crime: A violência caiu principalmente para níveis registrados antes da pandemia de Covid e da agitação em torno da justiça racial. Mesmo assim, os americanos de ambos os partidos continuam preocupados: 88% dos entrevistados disseram, em uma pesquisa Reuters/Ipsos de dezembro, que a criminalidade seria uma questão importante para determinar quem recebe o seu voto.
Política Externa: A China emergiu como a questão de política externa na campanha, com os republicanos argumentando que a potência asiática é uma ameaça crescente à segurança nacional, aos interesses corporativos dos EUA e à independência de Taiwan.
A administração Biden disse que quer “desarriscar” e não “desacoplar” a sua relação com a China e trabalhar para evitar que a competição entre as potências econômicas número um e número dois do mundo se transforme em conflito.
A Ucrânia é outra questão importante e dividiu o campo republicano. Trump argumenta que o apoio de Biden à Ucrânia na guerra com a Rússia está distraindo os EUA da preparação para um possível confronto com a China. Haley diz que os EUA devem continuar apoiando a Ucrânia.
A guerra entre Israel e o Hamas lançou uma nova questão polarizadora na campanha eleitoral. Biden, que apoia firmemente Israel, enfrenta desavenças entre muitos democratas preocupados com uma crescente crise humanitária na Faixa de Gaza controlada pelo Hamas. Os republicanos também apoiam Israel e estão usando o conflito para pressionar por uma fronteira mais forte entre os EUA e o México.
Quais são os estados-chave nas eleições gerais de 2024?
O fato de ambos os partidos estarem realizando as suas convenções políticas no Centro-Oeste americano diz muito sobre o valor que estão atribuindo a Michigan, Pensilvânia e Wisconsin, que foram para Trump em 2016 e passaram para Biden em 2020.
Arizona, Geórgia e Nevada também provaram estar estreitamente divididos e conter populações crescentes que poderão determinar as próximas eleições. Outro campo de batalha importante no próximo ano poderá ser a Carolina do Norte, um estado do sul com um eleitorado cada vez mais diversificado.