COE: o que é e como funciona este tipo de investimento?
COE (Certificado de Operações Estruturadas) é um investimento que combina ativos de renda fixa e variável. Saiba como funciona, vantagens e como investir!
Quem começa a investir já deve ter se deparado com a propaganda do COE (Certificado de Operações Estruturadas), vendido no mercado com o mote de “a segurança de uma renda fixa, com a valorização da renda variável”.
Produto recente no mercado de capitais brasileiro, o investimento foi lançado apenas em 2010 e há pouco tempo caiu no gosto das corretoras e dos clientes, já que ele combina operações de renda fixa com outras, de renda variável, buscando o melhor desses dois mundos.
Entenda o que é COE, quais são as vantagens e desvantagens do investimento, bem como os passos para investir no produto.
O que é COE?
O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um produto que une ativos de renda fixa e renda variável em um só lugar.
Ou seja, esse tipo de investimento pode ter um CDB (Certificado de Depósito Bancário) com vencimento por dois anos e uma cesta com diversas ações, por exemplo.
A aplicação é uma versão brasileira das Notas Estruturadas, comuns nos Estados Unidos e Europa, e foi criada pela Lei 12.249/10.
Ele, porém, só foi regulamentado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) do Banco Central em 2013 e, por isso, passou a ser mais conhecido recentemente.
Quem emite o Certificado de Operações Estruturadas são os bancos e ele é registrado na Cetip (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados).
Eles possuem vencimento em data predeterminada, um valor mínimo para o investidor aportar, tributação regressiva de 22,5% a 15% (igual à renda fixa) e também só devem ser comercializados para investidores com perfil de risco adequado.
De acordo com a B3, a emissão do certificado pode ser feita em duas modalidades. O modelo com Valor Nominal Protegido, ou seja, com garantia do valor principal investido, ou o Valor Nominal em Risco, quando há possibilidade de perda até o limite do capital investido.
Mesmo relativamente novo, o investimento só cresce. Dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais) mostram que o mercado de COEs no país aumentou 180% em cinco anos.
COE de capital protegido
Esse tipo de Certificado de Operações Estruturadas garante que o investidor receba, no mínimo, o valor previamente aplicado.
Neste caso, mesmo que o investimento tenha um desempenho negativo, o investidor tem seu capital protegido.
COE de capital de risco
O segundo tipo desse investimento não oferece nenhuma forma de garantia. No modelo de capital de risco, o investidor não tem proteção sobre o dinheiro investido.
Ou seja, ele pode perder o montante aplicado inicialmente, dependendo das movimentações do ativo.
Como o COE funciona?
O COE é estruturado como um ativo que tem variação de índice, como um Ibovespa, por exemplo.
Portanto, o banco compra um derivativo desse índice e coloca isso em uma cesta, com quase 90% dela em uma renda fixa.
É essa renda fixa que vai garantir que o patrimônio inicial não se perca, mesmo em caso de queda do mercado de renda variável.
Caso o derivativo cumpra seu objetivo, o Certificado de Operações Estruturadas deve ter um bom desempenho ao comprador. Caso dê errado, o investidor, ao menos, mantém o capital inicial protegido.
Além disso, ao invés de seguir apenas o Ibovespa, um Certificado pode ter como indexador ações e índices de ações, commodities, índices de inflação, juros, moedas, ouro, etc.
Por isso, alguns bancos o comercializam como “COE da tecnologia”, com derivativos de ações de empresas como Google e Facebook, ou “COE dos EUA”, com o produto exposto ao índice S&P 500.
Registro e emissão
Como vimos, os Certificados de Operações Estruturadas são emitidos pelos bancos e registrados junto à B3.
Hoje, os produtos podem ser ofertados de forma pública por corretoras e distribuidoras de valores, por isso mais investidores têm conhecimento sobre essa opção de ativo.
Antes, esse tipo de investimento era ofertado de maneira privada, por isso circulava mais entre clientes de alta renda.
Para ser disponibilizado pelas corretoras e distribuidoras de valores, as instituições devem apresentar o DIE (Documento de Informações Essenciais), que apresenta as características do Certificado.
Neste documento, o investidor pode encontrar informações sobre o funcionamento do produto, a expectativa de rendimento do COE, os prazos e as garantias, caso existam.
Além disso, o cliente recebe um termo de ciência de risco, que deve ser entregue pela instituição antes da formalização do negócio.
Rentabilidade
Como esse tipo de investimento é composto por renda fixa e também por renda variável, o rendimento do COE é flexível.
O retorno depende muito das estratégias adotadas e das aplicações feitas em cada produto.
Um certificado com foco em ações, que oferecem maior potencial de retorno e maior risco, vai se comportar de maneira diferente de outro com estratégias voltadas para renda fixa, que costuma apresentar um rendimento menor, porém mais estável.
Normalmente, as instituições bancárias aplicam a maior parte em ativos de renda fixa e uma parcela menor em renda variável, com o objetivo de cobrir as possíveis perdas de investimentos com maior nível de risco.
Esses detalhes devem estar descritos no DIE, bem como os casos em que as instituições determinam um limite de ganhos.
Valor mínimo
Assim como a rentabilidade, o valor mínimo para investir em um COE também varia de acordo com o produto.
Para definir esse valor, os emissores consideram alguns fatores, como complexidade do investimento, nível de risco e potencial de ganho.
Na XP Investimentos, por exemplo, o valor mínimo de aporte é de R$5 mil.
Ativos e indexadores
Os bancos podem definir estratégias atreladas a diversos ativos de referência. Dentre eles, os mais comuns são:
- ouro;
- juros;
- moedas;
- commodities;
- índices de inflação;
- ações e índices de ações nacionais e internacionais.
Uma vez definidos os ativos de referência, o rendimento do COE será baseado no desempenho deles até a data de vencimento do certificado.
Custos e taxas
Nem sempre o investimento em Certificados de Operações Estruturadas terá custos extras, mas algumas corretoras cobram taxas para realizar a negociação.
Essas taxas podem ser relacionadas ao processo de compra e venda de ações na bolsa ou a uma comissão – chamada de taxa de corretagem.
Algumas instituições estabelecem o valor de custódia, uma taxa cobrada pelo serviço de guarda e proteção dos investimentos pela corretora.
Declaração no Imposto de Renda
Aplicações em Certificados de Operações Estruturadas têm incidência do Imposto de Renda, com alíquota regressiva que varia de 22,5% a 15% conforme o prazo do investimento. Veja como funciona:
- até 180 dias: alíquota de 22,5%;
- de 181 a 360 dias: alíquota de 20%;
- de 361 a 720 dias: alíquota de 17,5%;
- prazo acima de 720 dias: alíquota de 15%.
Ao receber os lucros do investimento, os valores de impostos já estão deduzidos, portanto não é necessário fazer nenhum pagamento.
Quais são as vantagens do COE?
Antes de investir em um Certificado de Operações Estruturadas, é necessário entender suas vantagens, desvantagens e riscos.
Do lado positivo, o investimento pode ser uma oportunidade de diversificação do seu portfólio de investimentos, já que o investidor poderá aportar em aplicações e mercados diferentes do tradicional em um mesmo produto.
Além disso, o modelo com Valor Nominal Protegido pode ser um produto inicial para aqueles investidores que têm medo de perder dinheiro com produtos de renda variável.
Quais são as desvantagens?
Já as desvantagens ficam por conta da baixa liquidez, uma vez que o dinheiro investido, normalmente, só pode ser retirado no vencimento e também do risco, já que esse tipo de investimento não tem garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Outro grande problema do Certificado está nas taxas. Apesar das inúmeras propagandas de instituições financeiras, os custos para montar a estrutura de renda fixa mais variável em um só produto são bem grandes.
Além disso, no mercado, os agentes recebem grandes comissões a cada venda desse produto, o que pode prejudicar o rendimento COE.
Por exemplo, um produto de cinco anos de duração renderia ao assessor cerca de 5% de comissão, taxa considerada boa pelos agentes e paga de uma vez só, no ato da aplicação.
Dessa forma, os agentes de investimento recebem, normalmente, um bom incentivo para a comercialização deste produto, o que deixa alguns investidores desconfiados.
Para quem o COE é indicado?
Como vimos, esse investimento pode ser emitido em duas modalidades: Valor Nominal Protegido ou Valor Nominal em Risco.
De acordo com suas características, cada tipo de aplicação é indicada para um perfil de investidor.
A modalidade com capital protegido, que garante uma segurança maior, é indicada para investidores com perfil moderado que desejam aplicar em renda variável sem risco de perder o montante inicial investido.
O modelo com capital em risco não oferece nenhuma proteção e, portanto, é mais indicado para investidores de perfil agressivo, que buscam maior potencial de retorno e estão dispostos a investir em produtos mais arriscados.
Como investir no COE? Passo a passo e dicas importantes
Além de entender o que é COE, é importante saber como aplicar nesse tipo de investimento na prática.
Confira um passo a passo com dicas a seguir.
Abra uma conta em uma corretora
Para investir nos Certificados de Operações Estruturadas, é preciso abrir uma conta em uma corretora.
O processo de cadastro costuma ser simples: basta preencher alguns dados pessoais e enviar alguns documentos, como RG e CPF.
Contudo, é importante avaliar as instituições disponíveis para escolher a melhor opção de acordo com as suas necessidades e objetivos.
Avalie as opções de investimentos disponíveis, as funcionalidades e a usabilidade da plataforma, bem como prazos de depósito de resgate e qualidade do suporte da corretora.
Preencha um teste de suitability
Para descobrir qual tipo de investimento é mais indicado para o seu perfil, existe um teste de suitability disponibilizado pelas corretoras.
Com a sua conta criada, preencha esse formulário. Ele traz perguntas que ajudam a compreender a relação dos usuários com o nível de risco e possíveis perdas dos investimentos.
A partir disso, o teste identifica quanto o cliente está disposto a arriscar em suas aplicações e define, assim, o perfil de risco de cada investidor.
A plataforma passa a permitir apenas os investimentos condizentes com o perfil determinado pelo teste de suitability.
Escolha os investimentos em que deseja aplicar
Com a conta criada e perfil de investidor definido, é hora de escolher em quais produtos você deseja aplicar.
Neste momento, é importante avaliar as opções oferecidas pela corretora e estudar qual delas está mais alinhada com seu perfil e seus objetivos.
Selecione os ativos que mais lhe interessam e leia os DIEs de cada um para entender como funcionam, quais são os riscos, qual a previsão de fluxo de pagamento e o potencial de rentabilidade.
Avalie também os prazos do investimento e as possíveis garantias.
Avalie os riscos
Para saber se compensa investir em COE, é necessário avaliar os riscos de cada produto. Por isso, além do DIE, você deve assinar um termo de ciência de risco antes de aplicar o seu dinheiro.
Antes de fazer isso, tenha certeza de que os pontos do investimento estão claros para você, tanto as vantagens oferecidas quanto as desvantagens.
Assine os documentos
Certifique-se de que você está de acordo com os riscos embutidos no produto e esclareça qualquer dúvida com a corretora antes de comprar o produto.
Depois de avaliar as características dos investimentos e ler o DIE com atenção, é hora de assinar os documentos, incluindo o termo de ciência de risco.
Comece a investir
Assim que os documentos estiverem assinados, você já pode começar a operar. Para isso, é necessário transferir recursos para a sua conta na corretora escolhida.
Essa transação costuma ser rápida. Com dinheiro na conta, finalize a compra dos investimentos escolhidos.
As aplicações ficarão disponíveis na sua carteira dentro da plataforma. No sistema da corretora, você pode acompanhar o desempenho dos ativos e gerenciá-los.
O COE vale a pena?
O COE é um produto controverso. Se, por um lado, é oferecido como algo seguro e que pode gerar retornos satisfatórios, por outro estudos mostram que o investimento é, na maioria das vezes, um produto ruim para o consumidor.
De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da FGV (Fundação Getúlio Vargas), cerca de 90% dos Certificados de Operações Estruturadas foram vendidos aos investidores de varejo com retorno esperado abaixo da taxa livre de risco.
Assim, segundo a publicação, 252 dos 284 produtos que foram vendidos aos investidores de varejo entre 2016 a 2020 tiveram retorno abaixo da taxa livre de risco, ou seja, da taxa básica de juros (Selic) e, portanto, não seriam boas opções para investimento.
Dessa forma, a baixa remuneração causada por altas taxas e o custo de oportunidade que o investidor perde, ou seja, o tempo que ele perde investindo nessa aplicação e que poderia estar com o mesmo dinheiro em outros produtos, faz com que a aplicação perca atratividade.
É seguro investir no COE?
Como vimos, o Certificado de Operações Estruturadas é ofertado como um produto seguro. Em questão de proteção de dados, as plataformas das corretoras também oferecem segurança aos usuários.
Os riscos apresentados pelo produto são, portanto, naturais de qualquer investimento do mercado financeiro, especialmente por envolver ativos de renda variável.
Para avaliar se compensa investir em COE, vale considerar os riscos apresentados no Documento de Informações Essenciais e ter ciência de que a aplicação não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito.
Ou seja, o seu dinheiro não está protegido em caso de falência da instituição financeira escolhida para realizar a operação.
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Resumo
O Certificado de Operações Estruturadas, ou simplesmente COE, é uma opção de investimento que mistura ativos de renda fixa e de renda variável.
Com potencial de rentabilidade maior que os investimentos de renda fixa e controle de riscos acima do que acontece nas aplicações de renda variável, esse é um investimento que tem atraído os investidores nos últimos anos.
Emitidos pelos bancos, os certificados apresentam duas modalidades: capital protegido e capital de risco. Nenhuma conta com cobertura do Fundo Garantidor de Crédito, mas a primeira opção oferece uma proteção ao capital inicial investido.
Preencher o teste de suitability, ler o DIE e estudar os riscos do produto ajuda a identificar qual tipo de investimento é mais indicado para você.