Monitoramento de viajante sem vacina em SP será “difícil funcionar”, diz comitê
Vigilâncias de saúde já estão bastante sobrecarregadas com suas outras atribuições relacionadas à pandemia, diz coordenador do Comitê Científico de São Paulo
As vigilâncias sanitárias de estados e municípios já estão sobrecarregadas por conta da pandemia de coronavírus, e contar com elas para monitorar viajantes não vacinados é arriscado, afirma Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico de São Paulo.
“Eu acho difícil funcionar porque exige ainda mais do trabalho das vigilâncias de saúde, que já estão bastante sobrecarregadas com suas outras atribuições”, afirma o especialista.
Ele explica que já está sob a responsabilidade delas os procedimentos relacionados às medidas de prevenção contra o coronavírus das pessoas que já estão no país, e que, apesar do conhecimento acumulado, a dificuldade é a operacionalização do acompanhamento diante do atual contingente das vigilâncias.
Menezes avalia que o mais eficiente seria a instituição do passaporte vacinal, que está sendo pedido a brasileiros no exterior e que é prática comum, inclusive na exigência de prevenção contra outras doenças para viajantes internacionais.
“Seria muito mais simples o passaporte vacinal, como é exigido para que brasileiros possam viajar para outros países. Nós não podemos sair daqui sem apresentar no embarque o passaporte vacinal. Sem contar a exigência da vacinação de febre amarela”, explica.
Instituição do passaporte paulista
Menezes afirma que, para decidir sobre a viabilidade de um passaporte vacinal para quem entra no estado de São Paulo apenas, conforme havia prometido o governo estadual, seria preciso detalhar os aspectos logísticos relacionados a essa operação.
“Do ponto de vista sanitário, gostaríamos de proteger (os brasileiros) desse tipo de exposição. Mas o ideal seria que o governo federal estabelecesse em todo o países (o passaporte vacinal), já que as principais portas de entrada são de responsabilidade do o governo federal”, avalia.
Quarentena de cinco dias
O diretor afirma que a quarentena de cinco dias que será estabelecida pelo Ministério da Saúde para não vacinados que veem de fora do país não tem eficácia comprovada.
“Quarentena de cinco dias, é uma medida que não temos nenhuma ideia da sua eficácia no sentido de impedir que novas variantes adentrem no país e comecem a transmitir para a nossa população”, afirma.
Além disso, ele contesta a formulação do período de quarentena, que não se enquadra no período de encubação do vírus. “Nós sabemos que o período de encubação pode durar até duas semanas. Cinco dias é um período que eu não sei de onde surgiu?”, conclui.