Inflação desacelera em novembro a 0,95%, mas é maior para o mês desde 2015
Estimativa de analistas é que o IPCA tenha subido 1,08% em novembro; gasolina acumula alta de 50,78% em 12 meses
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — que mede a inflação oficial do país –, foi de 0,95% em novembro ante 1,25% no mês anterior.
Apesar de ter mostrado desaceleração, o valor é o maior para o mês desde 2015, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (10).
A principal pressão nos preços para o mês veio do grupo de transportes (3,35%), por conta, sobretudo, da gasolina. Sete dos nove grupos pesquisados tiveram alta em novembro.
No ano, o indicador acumula alta de 9,26% e, nos últimos 12 meses, de 10,74%, acima dos 10,67% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. O IBGE destaca que o valor no acumulado em 12 meses foi o maior desde novembro de 2003 (11,02%). Em novembro de 2020, a variação mensal foi de 0,89%.
A estimativa de analistas apontava para alta de 1,08% de outubro a novembro e de 10,88% em relação a um ano antes.
Vale dizer que, para conter a escalada nos preços, o Banco Central elevou nesta semana a Selic em 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano, e sinalizou outro aumento de mesma magnitude na próxima reunião. A postura no comunicado foi considerada mais dura por analistas.
Gasolina acumula alta de 50,78% em 12 meses
Com alta de 7,38% no mês, a gasolina foi o que mais pesou em Transportes. O item continuou sendo o maior impacto individual do índice no mês (0,46 p.p.). O estudo também registrou altas nos preços do etanol (10,53%), do óleo diesel (7,48%) e do gás veicular (4,30%).
“Com o resultado de novembro, a gasolina acumula, em 12 meses, alta de 50,78%, o etanol de 69,40% e o diesel, 49,56%”, diz o IBGE.
Outras altas
O IBGE também destaca como pressão relevante no índice do mês o preço dos automóveis novos (2,36%) e usados (2,38%).
O segundo maior impacto no índice geral veio de habitação, com alta de 1,03% no mês, influenciado ainda pela energia elétrica (1,24%).
“Além da bandeira tarifária da Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, em vigor desde setembro, houve reajustes nas tarifas em Goiânia, Brasília e São Paulo. Em Belém e Porto Alegre o recuo decorreu da redução da alíquota de PIS/Cofins”, diz o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Gás de botijão, com alta de 2,12% no período, foi outro destaque importante. Em 12 meses, esse item já subiu 38,88%.
Passagens aéreas e Black Friday contribuíram para desaceleração
Do lado das baixas, vale ressaltar as passagens aéreas, que registraram queda de 6,12% em novembro, após as altas de 28,19% em setembro e 33,86% em outubro.
Outra contribuição para a desaceleração veio dos descontos da Black Friday, que influenciaram para o recuo em alimentação e bebidas (-0,04%), devido à queda de 0,25% na alimentação fora do domicílio, influenciada pelo lanche (-3,37%). Já a refeição (1,10%) acelerou em relação ao mês anterior (0,74%).
Houve quedas ainda mais intensas no leite longa vida (-4,83%), no arroz (-3,58%) e nas carnes (-1,38%), pressionando a alimentação no domicílio (0,04%). Por outro lado, houve altas expressivas nos preços da cebola (16,34%), que havia caído em outubro (-1,31%), e do café moído (6,87%), diz o instituto.
Também influenciou a desaceleração do índice o grupo saúde e cuidados pessoais (-0,57%), consequência da queda nos preços dos itens de higiene pessoal (-3,00%), sobretudo, dos perfumes (-10,66%), os artigos de maquiagem (-3,94%) e os produtos para pele (-3,72%).
Além disso, a variação dos planos de saúde (-0,06%) segue negativa, refletindo a redução de 8,19% determinada em julho pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) para os planos de saúde individuais, diz o estudo.
“A Black Friday ajuda a explicar a queda tanto no lanche quanto nos itens de higiene pessoal. Nós observamos várias promoções de lanches, principalmente nas redes de fast food no período. E no caso dos itens de higiene pessoal, várias marcas nacionais deram descontos nos preços dos produtos em novembro. No Brasil, diferente de outros países, os descontos não são centrados em um único dia. Os descontos acabam sendo dados ao longo do mês”, explica Pedro Kislanov.