Veja como a IA fará parte do seu dia a dia em 2024
Ano promete tirar a tecnologia de IA da teoria e colocá-la na prática do dia a dia
Após um ano de euforia com a inteligência artificial em 2023, parece que 2024 será o ano de começar a ver ferramentas de IA em ação no nosso dia a dia.
Os lançamentos recentes da Samsung, Google, Microsoft e diversas outras marcas de tecnologia estão trazendo as possibilidades da inteligência artificial generativa para os softwares que usamos todos os dias no trabalho e os aplicativos que carregamos no bolso.
A CNN ouviu especialistas em tecnologia e inteligência artificial para entender como a IA deve estar cada vez mais presente em nossa rotina a partir deste ano e o que deve mudar na prática com essas novas possibilidades e ferramentas.
“Acho que a gente vai começar a incorporar cada vez mais esse tipo de ferramenta no nosso dia a dia, seja para nos auxiliar no processo de produção de algum conteúdo ou com alguma coisa que a gente precisa fazer, como também auxiliar a gente em processos de pesquisa, de busca de informação”, afirma Diogo Cortiz, professor da PUC-SP.
Segundo Cortiz, a IA deve passar a funcionar “mais ou menos como um companheiro de trabalho para nos auxiliar em diversas tarefas”.
Conforme explica Álvaro Machado, professor livre-docente da Unifesp ( Universidade Federal de São Paulo) e sócio do Instituto Locomotiva, houve um salto relevante na perspectiva da IA, pois resultados que antes só eram atingidos em ferramentas realmente generativas como o ChatGPT – que faz o processamento na nuvem -, passaram a ser possíveis em smartphones ou notebooks, cujo processamento acontece no próprio aparelho.
“A gente tem a perspectiva de assistentes verdadeiramente inteligentes nos aparelhos como smartphones e outros. Isso vai mudar o consumo desse tipo de informação e a nossa relação com os aparelhos ao longo desses próximos anos”, falou Machado.
As desinteligências artificiais de hoje
Para exemplificar o que pode mudar com esse avanço na tecnologia, Machado citou os assistentes virtuais que já existem, como a Alexa, da Amazon, a Siri, da Apple, entre tantos outros, e os chamou de “desinteligências artificiais”.
“[Os assistentes] são burros. E essa incapacidade deles está expressa nas coisas mais comezinhas [simples], como, por exemplo, você digitar no seu celular da Apple e as sugestões de palavras serem horríveis”, diz Machado.
Conforme Machado explicou, o avanço da IA pode fazer com que esses assistentes presentes nas casa, nos computadores e nos celulares se tornem mais úteis para ajudar com qualquer pedido – e até em entender esses pedidos.
Fim dos erros do corretor automático?
Alguns exemplos práticos de como a IA pode mudar nossa experiência com essas ferramentas:
Os assistentes virtuais devem se tornar bem mais úteis para mais coisas.
Atualmente, para pedir qualquer coisa à Alexa, a assistente virtual da Amazon, é preciso dar um comando claro, senão é difícil obter o resultado desejado.
“[Com a IA generativa], você poderia falar assim: ‘Alexa, sabe aquela música que costuma ser tocada em casamentos, você pode tocar para mim?’. Ela pode começar a entender isso porque ela vai processar generativamente a informação. Hoje em dia, ou você dá o nome da música e do artista ou não sai nada”, exemplificou Machado.
Com isso, a Alexa e outros assistentes virtuais passariam a ser muito mais fáceis de usar, se tornando mais úteis para atividades como pesquisar e comparar preços de voos, fazer compras, procurar apartamento, localizar e-mails e muito mais, bastando apenas pedir.
O corretor automático pode passar fazer boas sugestões em vez de nos fazer cometer gafes. Com a IA, talvez as mensagens com erros grotescos cometidos pelo corretor automático do celular cheguem ao fim.
Chega de sugerir “é” no lugar de “e” ou de ficar com vergonha depois de enviar algo sem pé nem cabeça no WhatsApp de alguém do trabalho. As sugestões do corretor podem se tornar úteis, inclusive para ajustar o tom da conversa.
A nova linha da Samsung Galaxy S24 conta com ferramentas de IA no teclado do smartphone que prometem ajudar o usuário a ser mais formal ou mais descontraído de acordo com o tom da conversa.
Usar aplicativos, programas ou softwares desconhecidos vai ser mais fácil. Em vez de fazer um curso por algumas semanas para aprender os truques do Excel ou a mexer no Photoshop, a IA pode te ensinar.
Tudo uma questão de diálogo
No fim das contas, a grande mudança que a inteligência artificial traz é na forma como se dá o diálogo com a tecnologia.
Se desde a criação dos softwares estamos acostumamos a dar comandos para a tecnologia executar, agora será uma questão de pedir. E é bem mais fácil fazer um pedido do que memorizar cada comando e o que ele faz.
Junior Borneli, especialista em IA no Brasil e CEO da StartSe, descreve assim: “Acho que a gente vai começar a interagir com a inteligência artificial como se estivesse conversando com um amigo muito inteligente.”
O grande desafio de adaptação à IA é abandonar uma linguagem de comandos com a qual os usuários estão acostumados há anos para extrair o melhor que as ferramentas conseguem oferecer.
“Se você usar o algoritmo de IA mais avançado para buscar informações da mesma maneira que você faz hoje no Google, os resultados vão ser péssimos”, pontuou Borneli. “São modelos de linguagem natural. Eles compreendem a linguagem natural para fazer com que a gente tenha uma facilidade de acesso.”